Como método de dominação.
Por Saul Leblon, na Carta Maior
As manifestações de pesar dos norte-coreanos pela morte do dirigente Kin Jong-il chocam pelo déficit de democracia implícito em cenas que lembram rituais de seitas obscurantistas, verdadeiras máquinas de expropriação do discernimento humano lubrificadas para subjugar e iludir.
O intercurso entre métodos religiosos e autocráticos não é novo. O que talvez exacerbe a nossa sensibilidade é o contraste entre essas imagens e a natureza predominantemente asséptica e gerencial do poder e da política sob a supremacia das finanças desreguladas. Há barbárie nas duas pontas.
Quem sentiria sincero pesar pelo falecimento de um desses gerentes de aluguel, que se relacionam com o povo e a história com a mesma humanidade que um software cuida do fluxo de peças de um almoxarifado? Política é economia concentrada. Mas com uma pequena diferença: os impulsos autossuficientes e destrutivos que caracterizam o regime de produção de mercadorias tem nela um filtro de carne, osso e discernimento histórico.
Por isso, a política de um modo geral, mas sobretudo aquela encarnada em valores humanistas, incomoda cada vez mais ao dinheiro e aos endinheirados, cumprindo o dispositivo midiático a tarefa de desqualificá-la com estigmas de motivação autoexplicativa, ao mesmo tempo em que louva tecnocratas a serviço dos mercados.
Às vezes, a truculência do jogo desconcerta os próprios protagonistas incumbidos de administrá-lo com a frieza de um azulejo branco de banheiro. O curto-circuito não muda o placar, mas é ilustrativo da massa de sofrimento e arbítrio mobilizada para a preservação de um sistema que, sob a dominância financeira, consolidou-se como uma engrenagem completamente hostil aos valores da vida e da civilização.
Encarregada em recente pacote do tecnocrata Mario Monti, de explicar o arrocho sobre idosos e aposentados na Itália, a ministra do Trabalho, Elsa Fornero, não conseguiu adicionar argumentos à palavra 'sacrifício', que as lagrimas a impediram de pronunciar. Seu choro e as lágrimas vertidas por Kin Jong refletem a mesma orfandade diante de sistemas que massacram a existência humana, oprimindo-a até consumar o desamparo absoluto como método de dominação.
O intercurso entre métodos religiosos e autocráticos não é novo. O que talvez exacerbe a nossa sensibilidade é o contraste entre essas imagens e a natureza predominantemente asséptica e gerencial do poder e da política sob a supremacia das finanças desreguladas. Há barbárie nas duas pontas.
Quem sentiria sincero pesar pelo falecimento de um desses gerentes de aluguel, que se relacionam com o povo e a história com a mesma humanidade que um software cuida do fluxo de peças de um almoxarifado? Política é economia concentrada. Mas com uma pequena diferença: os impulsos autossuficientes e destrutivos que caracterizam o regime de produção de mercadorias tem nela um filtro de carne, osso e discernimento histórico.
Por isso, a política de um modo geral, mas sobretudo aquela encarnada em valores humanistas, incomoda cada vez mais ao dinheiro e aos endinheirados, cumprindo o dispositivo midiático a tarefa de desqualificá-la com estigmas de motivação autoexplicativa, ao mesmo tempo em que louva tecnocratas a serviço dos mercados.
Às vezes, a truculência do jogo desconcerta os próprios protagonistas incumbidos de administrá-lo com a frieza de um azulejo branco de banheiro. O curto-circuito não muda o placar, mas é ilustrativo da massa de sofrimento e arbítrio mobilizada para a preservação de um sistema que, sob a dominância financeira, consolidou-se como uma engrenagem completamente hostil aos valores da vida e da civilização.
Encarregada em recente pacote do tecnocrata Mario Monti, de explicar o arrocho sobre idosos e aposentados na Itália, a ministra do Trabalho, Elsa Fornero, não conseguiu adicionar argumentos à palavra 'sacrifício', que as lagrimas a impediram de pronunciar. Seu choro e as lágrimas vertidas por Kin Jong refletem a mesma orfandade diante de sistemas que massacram a existência humana, oprimindo-a até consumar o desamparo absoluto como método de dominação.
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