Seção paulista da CNBB estuda limitar manifestações eleitorais de bispos
MAURÍCIO SIMIONATO.
A seção paulista da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) estuda impedir que bispos citem nomes de partidos ou de políticos em manifestações públicas --como cartas ou declarações-- para evitar o uso político da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) em campanhas eleitorais.
Na noite deste sábado (16) vai haver uma reunião no mosteiro de Itaici, em Indaiatuba (SP), para discutir o "afinamento" dos diferentes posicionamentos de bispos sobre a eleição.
"O partido passa, as pessoas passam e o povão fica. Mais importante que levantar bandeira de partidos é levantar critérios de escolha", disse o bispo diocesano de Limeira (SP), dom Vilson Dias de Oliveira, nomeado um dos porta-vozes do encontro da Regional Sul 1 da CNBB, que começou ontem e termina amanhã.
"A igreja não defende partidos e não pode apontar candidatos. A igreja deve deixar a liberdade de escolha para cada eleitor", disse o bispo, que também preside a Comissão de Comunicação da Regional Sul 1.
No dia 26 de agosto deste ano, um texto chamado "Apelo a todos os brasileiros e brasileiras", assinado pelos bispos que comandam a Regional Sul 1 da CNBB, atribuiu posições pró-aborto do PT ao governo federal, ao presidente Lula e à presidenciável petista Dilma Rousseff.
O texto recomendava aos eleitores que, "nas próximas eleições, deem seu voto somente a candidatos ou candidatas e partidos contrários à descriminalização do aborto".
A Regional Sul 1 --que reúne apenas bispos paulistas-- é presidida pelo bispo de Santo André (SP), dom Nelson Westrupp.
Nas vésperas do primeiro turno das eleições, o texto virou um panfleto e foi distribuídos em missas em Belo Horizonte (MG) e em Aparecida (SP) por cabos eleitorais.
Em seguida, o bispo de Jales (SP), dom Luiz Demétrio Valentini, criticou o teor da carta assinada pelo comando da Regional Sul 1 e expôs uma divergência entre os bispos sobre as eleições.
"O que aconteceu em Aparecida e em Belo Horizonte com distribuição de panfletos não pode mais ocorrer. Esse material não poderia ser distribuídos assim porque não é um posicionamento da CNBB nacional. Além disso, havia um símbolo da CNBB. Não se pode usar nome de um entidade para ajudar este ou aquele candidato", disse o bispo de Limeira.
Para dom Vilson, o posicionamento de bispos tem um "peso" importante nas eleições. "Por isso é que é um risco você citar nomes em qualquer nota", disse
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