terça-feira, 29 de março de 2011

ENTREVISTA

Tas: "Bolsonaro mostrou preconceito contra negros e gays"
Bob Fernandes
Um dos personagens da polêmica com Jair Bolsonaro (PP-RJ), o humorista Marcelo Tas, apresentador do programa CQC (Band), afirma que não se surpreendeu com as declarações do deputado federal.
Tas avalia que Bolsonaro cometeu "duas coisas que faz com recorrência: declarou seu profundo apoio à ditadura militar e manifestou dois preconceitos, contra os negros e contra os gays".
Terra Magazine ouviu o humorista para colher sua visão da entrevista. No programa, Preta perguntou a Bolsonaro se ele deixaria seu filho namorar com uma negra. "Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco, e meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o teu", declarou o deputado.
Terra Magazine - Marcelo, daquela conversa com Bolsonaro ontem, no CQC, o que você, de fato, entendeu?
Marcelo Tas - Entendi que Bolsonaro fez duas coisas que faz com recorrência: declarou seu profundo apoio à ditadura militar e manifestou dois preconceitos, contra os negros e contra os gays.
Mas, depois da entrevista do Bolsonaro, quando voltou pra você, pareceu que você manifestava uma dúvida ao perguntar se tinha entendido direito?
O que eu manifestei foi uma esperança de que a alma tivesse alguma salvação.
Por quê?
Porque ele fez uma associação da raça negra com promiscuidade e isso é absolutamente inadmissível, principalmente vindo de um deputado.
Mas você esperava o quê ao manifestar sua dúvida sobre o que ele teria dito?
Esperava, espero, que ele de fato não tenha entendido a pergunta da Preta Gil.
Como poderia dizer o CQC, ele está sendo julgado pelo conjunto da obra?
Ele já disse isso reiteradas vezes, mas como o CQC é um programa de humor e usa a ironia, a ironia é uma lente de aumento que mostra com muito mais clareza o que se vê e o que é dito.
A propósito do CQC, vocês...
... A propósito do CQC, o que me espanta é a reação de pessoas, inclusive de movimentos de defesa de direitos dos gays, que acham que nós não podemos tocar em assuntos como esse. É o mesmo preconceito do outro lado. Eles não entendem que o humor, às vezes, joga luz sobre alguns assuntos, como esses que foram tratados ontem, e eles ganham uma dimensão que de outra forma não teriam

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