Os deputados e seus assessores (editorial)
O Estado de S.Paulo
A pressa, a discrição e a perfeita harmonia com que a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de São Paulo e 92 dos 94 deputados estaduais atuaram para a aprovação, quase em surdina e em tempo recorde, do projeto de lei que dobra o número de assessores que cada parlamentar pode contratar para trabalhar em seu gabinete não deixam dúvidas de que os integrantes do Legislativo não queriam expor o tema a amplo debate público. O número de assessores que um deputado pode contratar à custa do erário passa de 16 para 32.
Os deputados passaram por cima de uma questão ética. Trata-se do uso de dinheiro público para custear uma atividade privada, que é a estrutura montada pelo deputado para conquistar votos. Na prática, esses assessores não passam de cabos eleitorais, cuja remuneração deve ser paga por quem os contrata, não pelo contribuinte. Além disso, aprovado o aumento do número de assessores, o próximo passo será o aumento de sua remuneração.
Iniciativa da Mesa da Assembleia, o projeto foi publicado no dia 24 de março e quatro dias úteis depois estava aprovado. Causa estranheza o fato de a decisão ter sido tomada no dia em que a sessão ordinária da Casa havia sido suspensa em razão do falecimento do ex-vice-presidente da República José Alencar. Mas o interesse dos parlamentares no assunto mostrou ser muito mais forte do que seu desejo de render homenagens ao ex-presidente e, assim, eles convocaram, sem alarde, uma sessão extraordinária para aquela mesma noite, sendo o principal item da pauta o famigerado projeto.
Apoiado por todas as lideranças partidárias, exceto a do PSOL, o projeto foi aprovado por votação simbólica. Dos 94 deputados, apenas 2 - Carlos Giannazi (PSOL) e Olímpio Gomes (PDT) - se manifestaram contra ele.
Leia a íntegra do editorial em Os deputados e seus assessores
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