Marcos Coimbra, no Correio Braziliense.
Os partidos de oposição vivem um momento complicado. Tanto o PSDB quanto as legendas menores atravessam dificuldades internas. Nas suas relações com a opinião pública, nenhum alívio. Tampouco nesse front as coisas vão bem.
Essa dura realidade contrasta com o discurso de suas principais lideranças após a eleição do ano passado e mesmo no início deste. Quem não se lembra de como saudaram os “43 milhões de votos” de Serra na disputa presidencial? Ou a conquista de 10 governos estaduais, contados os do PSDB e os do DEM?
Parecia que a derrota de Serra era uma vitória. Quem olhava os mapas coloridos que os grandes jornais publicaram, em que os estados azuis, onde ele venceu, pareciam sobrepujar os vermelhos, onde Dilma se saiu melhor, ficava com a impressão de que o resultado era outro.
Os analistas e comentaristas ligados à oposição ajudaram a difundir a ficção de que os resultados da eleição “até que não foram tão ruins”. Achavam que ela tinha revelado que o “Brasil oposicionista” era grande, muito maior que se imaginava. Grande e dinâmico, pois Serra tinha vencido na maior parte do Brasil moderno e educado. E, em muitos dos principais estados, governadores tucanos ou do DEM haviam derrotado candidaturas do PT e de outros partidos governistas.
Se o Brasil fosse mesmo assim, seria de esperar que Dilma enfrentasse grandes dificuldades em seu relacionamento com a sociedade. Com quase um eleitor oposicionista para um simpático ao governo, ela viveria uma realidade muito diferente daquela que Lula experimentou. Os altos índices de popularidade a que nos acostumamos não se repetiriam.
Passaram-se os meses e nada disso aconteceu. O exército formidável de eleitores oposicionistas se dissipou. Nada sugere que sobreviva. Nas pesquisas de opinião divulgadas de março para cá, Dilma não só mostrou estar com altas taxas de aprovação, como superou os números que o próprio Lula alcançava na mesma altura de seus dois mandatos. Para tristeza de quem apostava que ela seria uma decepção, o que estamos vendo crescer é a parcela que se surpreende favoravelmente com ela.
Em retrospecto, parece claro que o tamanho do “Brasil oposicionista” estava superestimado. Consequentemente, que o sentimento pró-governo (e pró-Lula) era maior que a votação obtida por Dilma. Por razões que têm a ver com nossa cultura política e seu culto às personalidades, Serra teve mais votos que o oposicionismo real que existe no país. Ele inchou porque as pessoas relutaram em conferir o voto a alguém que conheciam havia pouco, por mais que respeitassem e estivessem satisfeitas com quem a indicava.
Na raiz dos problemas atuais da oposição está a constatação de que suas bases diminuíram. Como diria Fernando Henrique, ela não consegue falar com “o povão” e tem que ir à cata das “novas classes médias”, sabe-se lá o que sejam.
O mais grave é que não são só esses seus dilemas. A eles somam-se crescentes dificuldades internas. As mais óbvias são do DEM. O que dizer de um partido (cuja origem remota é a velha Arena, que já foi saudada como o “maior partido do Ocidente”) que não consegue resistir ao ataque de um político do calibre de Gilberto Kassab? Que desmilingue ao ouvir o canto de sereia do PSD?
E o PPS? Talvez seja o preço a pagar pelo personalismo de sua direção e pela falta de coerência de um ex-partido comunista que virou destino para políticos de qualquer convicção. Mas sua crise ameaça ser igual à do ex-PFL, seu companheiro atual de militância.
Quanto ao PSDB, o problema é o de sempre, a relutância em escolher o caminho que pretende seguir. O serrismo continua a puxar o partido para trás, insistindo em uma sobrevida sem perspectivas. É um afogado que se debate e ameaça levar os outros para o fundo.
FHC está certo quando diz que as oposições precisam se reinventar. O problema é como fazê-lo com o que lhes resta.
Essa dura realidade contrasta com o discurso de suas principais lideranças após a eleição do ano passado e mesmo no início deste. Quem não se lembra de como saudaram os “43 milhões de votos” de Serra na disputa presidencial? Ou a conquista de 10 governos estaduais, contados os do PSDB e os do DEM?
Parecia que a derrota de Serra era uma vitória. Quem olhava os mapas coloridos que os grandes jornais publicaram, em que os estados azuis, onde ele venceu, pareciam sobrepujar os vermelhos, onde Dilma se saiu melhor, ficava com a impressão de que o resultado era outro.
Os analistas e comentaristas ligados à oposição ajudaram a difundir a ficção de que os resultados da eleição “até que não foram tão ruins”. Achavam que ela tinha revelado que o “Brasil oposicionista” era grande, muito maior que se imaginava. Grande e dinâmico, pois Serra tinha vencido na maior parte do Brasil moderno e educado. E, em muitos dos principais estados, governadores tucanos ou do DEM haviam derrotado candidaturas do PT e de outros partidos governistas.
Se o Brasil fosse mesmo assim, seria de esperar que Dilma enfrentasse grandes dificuldades em seu relacionamento com a sociedade. Com quase um eleitor oposicionista para um simpático ao governo, ela viveria uma realidade muito diferente daquela que Lula experimentou. Os altos índices de popularidade a que nos acostumamos não se repetiriam.
Passaram-se os meses e nada disso aconteceu. O exército formidável de eleitores oposicionistas se dissipou. Nada sugere que sobreviva. Nas pesquisas de opinião divulgadas de março para cá, Dilma não só mostrou estar com altas taxas de aprovação, como superou os números que o próprio Lula alcançava na mesma altura de seus dois mandatos. Para tristeza de quem apostava que ela seria uma decepção, o que estamos vendo crescer é a parcela que se surpreende favoravelmente com ela.
Em retrospecto, parece claro que o tamanho do “Brasil oposicionista” estava superestimado. Consequentemente, que o sentimento pró-governo (e pró-Lula) era maior que a votação obtida por Dilma. Por razões que têm a ver com nossa cultura política e seu culto às personalidades, Serra teve mais votos que o oposicionismo real que existe no país. Ele inchou porque as pessoas relutaram em conferir o voto a alguém que conheciam havia pouco, por mais que respeitassem e estivessem satisfeitas com quem a indicava.
Na raiz dos problemas atuais da oposição está a constatação de que suas bases diminuíram. Como diria Fernando Henrique, ela não consegue falar com “o povão” e tem que ir à cata das “novas classes médias”, sabe-se lá o que sejam.
O mais grave é que não são só esses seus dilemas. A eles somam-se crescentes dificuldades internas. As mais óbvias são do DEM. O que dizer de um partido (cuja origem remota é a velha Arena, que já foi saudada como o “maior partido do Ocidente”) que não consegue resistir ao ataque de um político do calibre de Gilberto Kassab? Que desmilingue ao ouvir o canto de sereia do PSD?
E o PPS? Talvez seja o preço a pagar pelo personalismo de sua direção e pela falta de coerência de um ex-partido comunista que virou destino para políticos de qualquer convicção. Mas sua crise ameaça ser igual à do ex-PFL, seu companheiro atual de militância.
Quanto ao PSDB, o problema é o de sempre, a relutância em escolher o caminho que pretende seguir. O serrismo continua a puxar o partido para trás, insistindo em uma sobrevida sem perspectivas. É um afogado que se debate e ameaça levar os outros para o fundo.
FHC está certo quando diz que as oposições precisam se reinventar. O problema é como fazê-lo com o que lhes resta.
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