segunda-feira, 18 de julho de 2011

INSACIÁVEIS

A contagem regressiva para a oficialização do calote grego apertou o passo nas últimas horas. Nesta manhã de segunda-feira, os credores  precificam  esse desfecho impondo  spreads cada vez mais elevados  à Italia e Espanha  na negociação de títulos das respectivas dívidas.  O movimento  em direção ao abismo é autopropelido: a ante-sala  do  ‘default' grego  acelera a fuga dos investidores  em relação a economias fragilizadas, caso da italiana , portuguesa, espanhola, irlandesa. Na inútil tentativa de deter a manada, os Tesouros cedem e se enforcam  numa espiral de juros insuportável.  Na quinta-feira, a comissão europeia reúne-se em Bruxelas. Tangidas pela fuga de capitais que contagia as finanças públicas em toda a zona do euro, as autoridades vão (?) bater o martelo sobre a melhor  forma de deter  esse ciclo de ferro. Já se admite que se ela existe, não é a dos planos de ajuste inviáveis qe se tentou impor à sociedade grega. Se o povo não pode e resiste em pagar a conta sozinho, quem vai rachar a fatura? A Alemanha pretende que  os bancos privados assumam uma parte desse esfarelamento de ativos. O ortodoxo BC  e a associação dos bancos europeus resistem:  querem que o dinheiro público metabolize integralmente o ‘beiço' grego. Significa sacrificar receita fiscal já insuficiente para comprar a dívida pelo valor de face, poupando-se os detentores privados de qualquer perda.  Em resumo: os mercados lucram na alta do ciclo especulativo e saem da festa sem pagar a conta quando começa o quebra-quebra. O Brasil conhece esse espírito  insaciável. O  país já paga taxas de juros reais equivalentes à remuneração especulativa extraída da Itália e da Espanha, superior a 6%. Mas o bumbo midiático demotucano abre a semana  em plena  campanha por uma nova alta da Selic. A intenção é extrair um novo degrau de  0,25%, que poderá jogar o juro básico a 12,5%. Os jornais avisam que o escalpo é 'consenso entre os analistas dos mercados'. O 'consenso' será discutido na reunião do Copom desta 4ºfeira(Carta Maior; 2º feira 18/07/ 2011)

Nenhum comentário: