A contagem regressiva para a oficialização do calote grego apertou o passo nas últimas horas. Nesta manhã de segunda-feira, os credores precificam esse desfecho impondo spreads cada vez mais elevados à Italia e Espanha na negociação de títulos das respectivas dívidas. O movimento em direção ao abismo é autopropelido: a ante-sala do ‘default' grego acelera a fuga dos investidores em relação a economias fragilizadas, caso da italiana , portuguesa, espanhola, irlandesa. Na inútil tentativa de deter a manada, os Tesouros cedem e se enforcam numa espiral de juros insuportável. Na quinta-feira, a comissão europeia reúne-se em Bruxelas. Tangidas pela fuga de capitais que contagia as finanças públicas em toda a zona do euro, as autoridades vão (?) bater o martelo sobre a melhor forma de deter esse ciclo de ferro. Já se admite que se ela existe, não é a dos planos de ajuste inviáveis qe se tentou impor à sociedade grega. Se o povo não pode e resiste em pagar a conta sozinho, quem vai rachar a fatura? A Alemanha pretende que os bancos privados assumam uma parte desse esfarelamento de ativos. O ortodoxo BC e a associação dos bancos europeus resistem: querem que o dinheiro público metabolize integralmente o ‘beiço' grego. Significa sacrificar receita fiscal já insuficiente para comprar a dívida pelo valor de face, poupando-se os detentores privados de qualquer perda. Em resumo: os mercados lucram na alta do ciclo especulativo e saem da festa sem pagar a conta quando começa o quebra-quebra. O Brasil conhece esse espírito insaciável. O país já paga taxas de juros reais equivalentes à remuneração especulativa extraída da Itália e da Espanha, superior a 6%. Mas o bumbo midiático demotucano abre a semana em plena campanha por uma nova alta da Selic. A intenção é extrair um novo degrau de 0,25%, que poderá jogar o juro básico a 12,5%. Os jornais avisam que o escalpo é 'consenso entre os analistas dos mercados'. O 'consenso' será discutido na reunião do Copom desta 4ºfeira. (Carta Maior; 2º feira 18/07/ 2011)
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