Paulo Vinícius Coelho - O Estado de S.Paulo.
Os agentes alemães que passaram pela Copa América deixaram claro que não estão atrás de jogadores brasileiros. Observam colombianos, chilenos, peruanos, até venezuelanos. A razão é econômica: "Os brasileiros estão muito caros!"
Os alemães não são afeitos a negócios como o que o Corinthians acenou ao Manchester City, por Tevez. À parte o delírio de oferecer um ano inteiro de sua cota de TV para pagar a rescisão de Carlitos, o episódio é mais um indício de que o Brasil está perto de entrar no mercado do futebol internacional.
Mercado movido pelo dinheiro e pelos delírios dos dirigentes. O caso Tevez mostra que as duas coisas existem no Brasil.
Falta um requisito fundamental para convencer jogadores e empresários de que é bom negócio jogar no Brasil: o campeonato.
"Para os atletas, é fundamental estar na Champions League e disputar uma liga forte, como a espanhola ou a inglesa", diz Wagner Ribeiro, que conversa com o Real Madrid sobre a venda de Neymar. "O Brasil já paga salários de nível europeu, mas não tem um grande campeonato."
Na Argentina, os mesmos agentes que reclamam dos preços dos brasileiros descrevem a distância das cifras dos clubes dos dois países. A Petrobrás renovou contrato de patrocínio com o River Plate por R$ 4,1 milhões por ano. O Corinthians fatura R$ 38 milhões com contratos de patrocínio.
Se quisesse comprar o espaço na manga de um clube brasileiro, a Petrobrás gastaria mais do que paga pelo peito do River. Isso vale para o Boca, patrocinado pela LG.
O governo de Cristina Kirchner comprou os direitos de TV do Campeonato Argentino há dois anos. Paga R$ 300 milhões, menos de um terço do que os brasileiros receberão por ano, pelo novo contrato com a Rede Globo.
Nas últimas sete edições de Libertadores, os argentinos venceram duas e chegaram a duas finais, uma com o Boca Juniors, outra com o Estudiantes. O Brasil chegou a todas as finais, com sete clubes diferentes e conquistou quatro títulos.
Pela Libertadores, o campeão recebe perto de R$ 3,5 milhões. Em outras palavras, a Libertadores não vai se tornar o torneio que seduzirá os jogadores a ficar no Brasil.
"Hoje, o Brasil tem potencial para ser a quarta liga do mundo", diz o agente alemão Johan Löesch. Isso não se faz com varinha de condão. Faz-se com marketing, melhoria de estádios e de venda de ingressos, transmitindo jogos para o mundo todo.
A rodada de hoje do Brasileirão, dividida com a Copa América, e os jogos de quarta-feira, que podem mudar de horário por causa da seleção, mostram que o crescimento econômico é inversamente proporcional ao preparo de quem deveria trabalhar para criar o Brasileirão de verdade.
O primeiro sinal. O terceiro gol do Brasil contra o Equador nasceu de uma bola roubada por Alexandre Pato, no campo de ataque. Há tempos, Mano Menezes tem treinado esse tipo de marcação. Contra o Paraguai, o contra-ataque em que a seleção sofreu o primeiro gol nasceu de uma jogada em que Daniel Alves tentou roubar a bola no ataque. Deixou o setor às suas costas desprotegido.
Acontece até com o Barcelona. O time que mais marca por pressão no mundo sofreu um do Arsenal, em fevereiro, por tentar e não conseguir roubar uma bola no ataque.
Hoje, o Brasil precisa cuidar para não sofrer gols do Paraguai em lances assim. Os paraguaios marcam assim há mais tempo e melhor do que a seleção de Mano Menezes.
Mas o gol contra o Equador é o primeiro sinal de que os treinos para roubar bolas no ataque começam a dar resultado.
A primeira estaca. Os edifícios administrativo e esportivo do novo clube do Palmeiras estão com suas estruturas construídas e, na sexta-feira, colocou-se a primeira estaca do estádio. Previsão de inauguração é abril de 2013, mesmo com o pedido de paralisação da obra pelo Ministério Público. Mais importante: o custo. A Arena custará R$ 350 milhões, mas R$ 50 milhões são referentes às obras no clube. Nenhum estádio da Copa será tão barato. Por quê?
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