Por Carlos Chagas.
Houve tempo, não faz muito, em que as associações da sociedade civil substituíam os partidos políticos. Mesmo depois da extinção do partido do “sim”, a Arena, e do “sim, senhor”, o MDB, prevaleciam entidades verdadeiramente representativas da opinião pública. Nas denúncias, nas crises e nas necessidades, a Ordem dos Advogados do Brasil, o Instituto dos Advogados, a Associação Brasileira de Imprensa, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a União Nacional dos Estudantes, a Central Única dos Trabalhadores, os Sindicatos dos Jornalistas do Rio e de São Paulo, o Clube de Engenharia, a FIESP, o MST e outras organizações falavam e agiam por todos nós.
Mesmo depois dos anos de chumbo, mantiveram-se presentes. Basta lembrar como despertaram a indignação geral depois do assassinato de Wladimir Herzog ou como mobilizaram o país encaminhando ao Congresso o pedido de impeachment de Fernando Collor.
Hoje… Hoje, com exceção da brava OAB, as demais associações dão a impressão de haverem saído pelo ralo. Sumiram. Mergulharam em seus mundinhos corporativos, cuidando de interesses de classe, quando cuidam, mas dissociadas por completo da realidade nacional. Muitas entregaram-se aos governos e às suas tentações publicitárias, desde os oito anos de Fernando Henrique até os oito anos do Lula. Outras agiram por convicções políticas e ideológicas. Tanto faz. A verdade é que se omitem quando da eclosão de eventos de magnitude indiscutível, como ainda agora o escândalo da corrupção no ministério dos Transportes e alhures. Por onde andam, diante do crescimento desenfreado da violência urbana e rural?
Trata-se de fenômeno digno de análise profunda a que se dedicará algum sociólogo desocupado. Estariam, essas entidades omissas, desanimadas ou desesperançadas de resultados? Faltam a elas lideranças efetivas? Ou, invertendo-se a equação, terá esse marasmo raízes na apatia social generalizada que o neoliberalismo criou? Quem quiser que responda, mas estamos sob a égide da pasmaceira.
“VIVA LA DEMOCRÁCIA”.
Antes de se mandar para as estepes e de reportar como ninguém os dez dias que abalaram o mundo, John Reed estava na cidade do México quando, em 1914, lá entraram as tropas revolucionárias de Francisco Madero, Emiliano Zapata e Pancho Vila. Extasiou-se com a bela capital invadida por milhares de peões a cavalo, sombrero e fitas de balas cruzadas no peito, todos
Bom jornalista que já era, o americano preocupou-se em conversar com o maior número possível daqueles camponeses revolucionários, procurando saber o significado do grito de guerra entoado com tanta emoção. A maioria respondia “tratar-se de uma saudação à mui honrada e distinta senhora esposa do doutor Francisco Madero, dona Democrácia”…
A historinha se conta a propósito da invasão do Congresso pelo PT e o PMDB, que nos últimos seis meses mandaram em tudo e comemoraram até com bolo uma união muito parecida com a de Pancho Vila e Emiliano Zapata. Gritam estar agindo para transformar o Brasil numa grande nação, mas buscam tanto esse objetivo quanto os rebeldes mexicanos buscavam a democracia.
Mesmo depois dos anos de chumbo, mantiveram-se presentes. Basta lembrar como despertaram a indignação geral depois do assassinato de Wladimir Herzog ou como mobilizaram o país encaminhando ao Congresso o pedido de impeachment de Fernando Collor.
Hoje… Hoje, com exceção da brava OAB, as demais associações dão a impressão de haverem saído pelo ralo. Sumiram. Mergulharam em seus mundinhos corporativos, cuidando de interesses de classe, quando cuidam, mas dissociadas por completo da realidade nacional. Muitas entregaram-se aos governos e às suas tentações publicitárias, desde os oito anos de Fernando Henrique até os oito anos do Lula. Outras agiram por convicções políticas e ideológicas. Tanto faz. A verdade é que se omitem quando da eclosão de eventos de magnitude indiscutível, como ainda agora o escândalo da corrupção no ministério dos Transportes e alhures. Por onde andam, diante do crescimento desenfreado da violência urbana e rural?
Trata-se de fenômeno digno de análise profunda a que se dedicará algum sociólogo desocupado. Estariam, essas entidades omissas, desanimadas ou desesperançadas de resultados? Faltam a elas lideranças efetivas? Ou, invertendo-se a equação, terá esse marasmo raízes na apatia social generalizada que o neoliberalismo criou? Quem quiser que responda, mas estamos sob a égide da pasmaceira.
“VIVA LA DEMOCRÁCIA”.
Antes de se mandar para as estepes e de reportar como ninguém os dez dias que abalaram o mundo, John Reed estava na cidade do México quando, em 1914, lá entraram as tropas revolucionárias de Francisco Madero, Emiliano Zapata e Pancho Vila. Extasiou-se com a bela capital invadida por milhares de peões a cavalo, sombrero e fitas de balas cruzadas no peito, todos
Bom jornalista que já era, o americano preocupou-se em conversar com o maior número possível daqueles camponeses revolucionários, procurando saber o significado do grito de guerra entoado com tanta emoção. A maioria respondia “tratar-se de uma saudação à mui honrada e distinta senhora esposa do doutor Francisco Madero, dona Democrácia”…
A historinha se conta a propósito da invasão do Congresso pelo PT e o PMDB, que nos últimos seis meses mandaram em tudo e comemoraram até com bolo uma união muito parecida com a de Pancho Vila e Emiliano Zapata. Gritam estar agindo para transformar o Brasil numa grande nação, mas buscam tanto esse objetivo quanto os rebeldes mexicanos buscavam a democracia.
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