Por Carlos Chagas.
A frigideira ferve, indicando que Carlos Lupi não escapará. Pouco importa que faça como os outros seis ministros defenestrados desde que Dilma Rousseff assumiu a presidência da República. Está condenado a deixar de ser ministro antes mesmo da reforma ministerial prevista para janeiro. A menos que a presidente decida antecipar as mudanças, mas não parece essa a sua estratégia. O pretexto para a reforma é liberar os ministros que venham a ser candidatos às eleições municipais de 2012, mas até agora apenas Fernando Haddad pôs o pescoço de fora. Deixar de ser ministro para ser vereador, só mesmo o Orlando Silva, que não é mais ministro. As prefeituras das capitais já estão lotadas de pré-candidatos, e nenhum deles é ministro, exceção do titular da Educação.
Com todo o respeito pela individualidade de cada um dos seis ex-ministros, e agora de Lupi, deve-se respeitar a argumentação de todos, sobre serem inocentes. Tamanha a lambança verificada ao redor de seus gabinetes, porém, nenhum se salvou. Nem se salvará o ministro do Trabalho. Melhor faria se pedisse logo para sair, já que a alternativa estará em ser saído.
A cada dia que passa mais se enrola o presidente licenciado do PDT. Sua última escorregadela aconteceu ontem, quando declarou não haver assinado um só convênio com ONGs em 2011. Ora, nos anos anteriores, quem era o ministro? Integrantes do partido já começam a cobrar do ex-chefe um ato de renúncia. Pedro Taques, Miro Teixeira, Reguffe e outros de ilibado comportamento não estão abandonando o barco. Foram abandonados pelo timoneiro próximo do naufrágio.
O TELEFONEMA FATAL.
Na Esplanada dos Ministérios, virou moda não atender de pronto o telefone, quando a ligação vem do ministro Gilberto Carvalho, do palácio do Planalto. Não apenas Carlos Lupi, agora, ou os seis exonerados antes, mandavam as secretárias dizer que não estavam. Poderia ser a sentença final. Não adiantou nada, porque meio minuto depois de receber o telefonema, instala-se a dúvida nos ministros: e se não for a comunicação de que devem exonerar-se, mas um reforço para a permanência? Não tem sido assim, mas a esperança é a última que morre...
AS MARGENS DO RUBICÃO.
Albert Camus escreveu e Tancredo Neves repetia inúmeras vezes que não se chega às margens do Rubicão para pescar. As decisões amadurecem ao longo do tempo, mas uma vez adotadas, não há como refluir e dar a impressão de que tudo não passou de um equívoco. É a lição que Aécio Neves aprendeu do avô. Vai mesmo disputar a presidência da República em 2014, tanto faz se o adversário for Dilma Rousseff ou o próprio Lula. Não tem volta no caminho que o ex-governador definiu. José Serra que se acomode, quem sabe na disputa pela prefeitura de São Paulo, e Geraldo Alckmin que se contente em tentar a reeleição no palácio dos Bandeirantes. A diferença é que as legiões do senador por Minas precisam de algum estímulo para atravessar o riacho.
DERRUBADA A ÚLTIMA RESISTÊNCIA.
Fica difícil aceitar o argumento de que Eduardo Suplicy abandonou a proposta da realização de prévias no PT apenas porque Fernando Haddad comprometeu-se a aceitar o programa de renda mínima em sua campanha. A grosso modo, ninguém no Brasil é contra essa proposta, ainda que até agora permaneça como sonho de noite de verão. Na verdade, o senador mais votado de São Paulo curvou-se ao império das circunstâncias. Como ficar contra um Lula enfraquecido pela doença? De que maneira contrariar a onda irreprimível do respeito à vontade do primeiro-companheiro? Em 2002, Suplicy enfrentou a maioria ao exigir prévia para a escolha do candidato presidencial. Levou uma surra, mas não havia o fator emocional na equação. Agora é diferente.
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