Por Carlos Chagas
Carlos Lupi é o sétimo ministro que Dilma Rouseff não teria nomeado quando de sua posse, imposto por contingências partidárias ou pelo ex-presidente Lula. Antônio Palocci, Nelson Jobim, Wagner Rossi, Pedro Novais, Alfredo Nascimento e Orlando Silva saíram para não ser saídos, dos quais, à exceção de Jobim, os demais denunciados por envolvimento em malfeitos. A esses, a presidente sempre manifestou confiança e elogiou, mesmo à beira do cadafalso, ainda que do ministro Gilberto Carvalho sempre viesse a sentença. A fila não se encerrou, outros existem em situação similar, capazes de ser salvos apenas pela reforma ministerial prevista para janeiro.
Quando na primeira fila da sala de cinema, mais ou menos como hoje se encontra o país inteiro, vemos com perfeição um pedaço da tela à nossa frente. Visão do conjunto, porém, só lá atrás. Algum tempo ainda vai decorrer para que se analise o estranho fenômeno da defenestração dos ministros incômodos. Por acaso essas coisas não acontecem. Haverá, por trás deles, um cérebro maquiavélico a mover as peças de forma a excluí-las do tabuleiro? Gilberto Carvalho não é, tendo em vista ser oriundo do governo Lula e um de seus homens de confiança. O ex-presidente não deixa de sair chamuscado dessa debandada de muitos de seus indicados.
Claro que a imprensa colaborou para a exposição das denúncias. Em especial as revistas semanais, mas terão sido muito mais instrumentos do que estrategistas. Tropa de Infantaria, jamais Estado-Maior.
Então... Então, quem quiser que conclua, mas em toda essa história existe uma fonte primária atuando milimetricamente para obter os resultados até agora obtidos. O ministro das Cidades que se cuide. Parece o próximo a ser observado da primeira fila do cinema, no seu quadradinho de tela. Um a um estão sendo despachados os ministros que não deveriam ter sido ministros.
POR VIA DAS DÚVIDAS
Há rumores, em Brasília, de que Fernando Haddad não demora muito a pedir as contas e deixar o ministério da Educação. Nada que deslustre sua performance, apesar das lambanças do Enem, muito menos a presença de ONGs fajutas ao redor de seu gabinete. Haddad sairia antes da reforma ministerial de janeiro para dedicar-se em tempo integral à sua candidatura a prefeito de São Paulo. Precisa construir ampla base popular, não obstante o apoio explícito do ex-presidente Lula, agora que Marta Suplicy jogou a toalha. Se pedir exoneração nas próximas semanas, não será incluído no rol dos ministros acusados de malfeitos. Mas sairá sem saber se a presidente Dilma o teria confirmado na Educação, não fosse o empenho do antecessor.
LÍDERES EM ORDEM UNIDA
Na reunião de hoje com os líderes dos partidos da base oficial, a presidente Dilma Rousseff deverá enquadra-los na cobrança da votação dos projetos de interesse do governo, tanto quanto na rejeição de propostas incômodas. Até agora a maioria parlamentar tem funcionado, sem nenhuma derrota de vulto no Congresso, ainda que sem a contrapartida desejada pelas bancadas, de nomeações indiscriminadas para o segundo escalão e de liberação de verbas para as emendas individuais ao orçamento. Apenas uma voz de comando intransigente será capaz de manter a tropa em posição de sentido. Só não se sabe até quando...
O NADA E A COISA NENHUMA
Para as cúpulas dos grandes partidos, significa muito pouco a perspectiva de aliança entre o PSD de Gilberto Kassab e o PSB de Eduardo Campos. Será inócua, se verdadeira, a tentativa desses dois líderes de formar um núcleo capaz de disputar as eleições presidenciais de 2014. PMDB e PT, de um lado, assim como PSDB e DEM, de outro, confiam em que serão os dois pólos aglutinadores das tendências do eleitorado. Os demais partidos serão acessórios.
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