Por Carlos Chagas.
Dilma Rousseff tem duas opções: agir cirurgicamente e demitir Carlos Lupi nas próximas horas ou deixá-lo fritar em fogo lento, até que se demita. Com Nelson Jobim a presidente aplicou a primeira fórmula, provocada que foi por uma entrevista desafiadora do então ministro da Defesa. Mandou convocá-lo na Amazônia, onde se encontrava, e em dez minutos pediu que escolhesse entre sair ou ser saído. Já com Pedro Novais e Orlando Silva, recomendou que se defendessem das acusações de corrupção em seus ministérios. Quando sentiram ser impossível, pediram exoneração, já amplamente desgastados.
Lupi acaba de provocar Dilma. Afirmou duvidar que ela o tire do ministério e disse que não sairá nem na reforma ministerial prevista para janeiro. Precisará, como acrescentou, ser abatido a bala. Fez pior, permitindo ao PDT chantagear a presidente com a ameaça de deixar o bloco parlamentar se ele for exonerado.
Convenhamos, com todo respeito, que o homem endoidou. Suas palavras, diante da imprensa e de seus companheiros, em cinco minutos ganharam o palácio do Planalto. Imagine-se qual terá sido a repercussão.
Indagava-se ontem, em Brasília, apenas a respeito de quando o ministro do Trabalho deixará de ser ministro. Porque, se continuar, estará destruindo o governo que ainda não completou um ano. Para manter 25 deputados e 5 senadores em sua base Dilma não se disporia à humilhação de ter contestada sua autoridade. Ainda mais sabendo-se quem é e como vem agindo desde sua posse. Acresce que após a presumida defenestração de Lupi, as bancadas do PDT pensarão duas vezes antes de abandonar o guarda-chuva oficial. Deputados e senadores do partido já existem em franca oposição ao ministro do Trabalho. Alguns, até, podendo substituí-lo...
MELHOR NÃO ATENDER O TELEFONE.
Parlamentares do PDT recomendavam ontem ao ministro Carlos Lupi para não atender o telefone, se a ligação vier do gabinete do ministro Gilberto Carvalho. Melhor dizer que não está ou, mais eficaz, inventar alguma viagem aos estados. O secretário-geral da presidência da República tem atuado como mensageiro, sempre que a chefe decide livrar-se de algum ministro.
DILMA NÃO É JORNALISTA.
A ser verdadeiro o conselho dado pela presidente Dilma a Carlos Lupi, para que “enfrente a mídia”, fica claro que o ministro não entendeu nada. Porque resolveu enfrentar a própria, quer dizer, a presidente Dilma, certamente porque a mídia, desarmada, limita-se a apenas divulgar os fatos que chegam ao seu conhecimento. Leonel Brizola, fundador e líder maior do PDT, tinha suas diferenças com alguns barões da imprensa, mas jamais brigou com as notícias. No máximo, recomendava que diante de uma negativa, se desse outra, positiva.
MELHOR USAR BALAS DE PRATA.
Diante da bravata de Carlos Lupi, de que para afastá-lo do ministério, só à bala, corria no Congresso a sugestão de se mandar de presente à presidente Dilma uma caixa de balas de prata. Elas servem para abater aquelas criaturas fantasmagóricas que assustam criancinhas nas noites de lua cheia. Lobisomens, mesmo...
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