Por Carlos Chagas.
Parte dos 80% de popularidade a que faz jus o presidente Lula vem por conta de seu comportamento informal e da capacidade de comunicar-se da forma como o povo gosta, com imagens, blagues e comparações. Esta semana, porém, junto com trabalhadores da Petrobrás, o primeiro companheiro exagerou. Disse que no últimos dia de seu mandato não passará a faixa presidencial a aquém tiver sido eleito: passará cola no símbolo do poder, unindo-o à sua barriga, e sairá correndo...
Tempos atrás quem falasse no terceiro mandato para o Lula seria aplaudido em praça pública. Foi ele mesmo, demonstrando forte espírito democrático, que desarticulou operações continuístas e impôs à classe política a realização de eleições.
Brincadeira tem hora. O último que foi embora levando escondida a faixa presidencial foi Jânio Quadros. Quebrou a cara. Para quem não se lembra, ao renunciar sete meses depois de empossado, o histriônico presidente pediu ao ajudante-de-ordens, major Amarante, que pegasse a faixa, no palácio do Planalto. Com ela numa pasta, viajaram para Cumbica. Lá, verificada a impossibilidade de dar certo aquela grotesca tentativa de golpe, Amarante deixou a faixa presidencial aos cuidados do comandante da base aérea enquanto Jânio partia para o exílio, num navio cargueiro. Empossado Raniéri Mazzilli, presidente da Câmara, sem a faixa, e tendo os militares vetado a volta do vice-presidente João Goulart ao país, coube ao Comandante Militar do Planalto, general Ernesto Geisel, sair atrás do símbolo do poder. Dizem que foi pessoalmente a Cumbica buscar a relíquia. Se a trouxe colada ao corpo num avião comercial, para ninguém perceber, é apenas uma lenda, o fato é que anos mais tarde vestiu-a solenemente ao receber o governo das mãos do general Garrastazu Médici.
Bem que o presidente Lula poderia ter encontrado outro jeito de arrancar gargalhadas dos operários que visitava numa plataforma submarina. Essa história de vestir escondido a faixa presidencial já aconteceu uma vez.
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