quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Por Millor Fernandes
Parábola do Medo e suas Circunstâncias
Collor disse: "Deus poupou-me o sentimento do medo." Juscelino já tinha dito isso muito antes. Ambos, claro, estavam fazendo aquilo que se chama assobiar no escuro. Pois todos nós, diz o povo, que se chama de sábio, embora não o seja ou já teria deixado de ser povo, que temos rabo, em qualquer sentido, temos medo. Deus não poupou a ninguém o citado sentimento. Quem vive, teme. Uns são mais covardes, outros mais afoitos, mas há hora de enfrentar e hora de fugir, como sabem os generais gloriosos por grandes "retiradas" (em linguagem civil: "O último a escapar é mulher de padre").
Mesmo os mais bravos, quando vão em frente em situações extremas, vão deixando pelo caminho rastros escatológicos. A ocasião mais antiga, que eu conheço, há sempre uma mais antiga, em que a frase de Collor/Juscelino aparece é na Segunda cartinha (cartinha, na Bíblia, ganha grandiloqüência com o nome de Epístola) de Paulo a Timóteo: "Deus não nos deu o espírito do medo". (Timóteo II-1,7).
A cartinha é um amor, com coisas que só se escrevem pra pessoas de intimidade doméstica: "Démas me desamparou e foi para Tessalônica; Crescente para a Galácia; Tito para a Dalmácia. Todos me abandonaram. Só Lucas está comigo. À vinda, traze contigo a capa que deixei em Tróiade, em casa de Carpo, e os livros e principalmente os pergaminhos. Alexandre, o latoeiro, tem-me feito muitos males; guarda-te dele. Saúda a Prisca e a Áquila, e a família de Onesíforo".

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