Não há como esquecer nem perdoar os horrores praticados à sombra do poder público durante os anos de chumbo do regime militar. Da mesma forma como investigar, apurar e denunciar os agentes do Estado responsáveis pela tortura, os desaparecimentos e os assassinatos, torna-se necessário olhar para o lado oposto. Quantos crimes igualmente hediondos foram praticados pelos que se opunham à ditadura, aplicando seus mesmos métodos? Em atentados, seqüestros, assaltos e bombas explodidas também morreram policiais, militares, seguranças e gente inocente. A Lei da Anistia apagou a possibilidade de punições, preço amargo a pagar em nome do retorno do país à democracia. Sem ela, sabe-se lá onde estaríamos hoje. Sendo assim, em favor da memória nacional, a Comissão da Verdade que o Senado deve aprovar esta semana tem fundamental papel a cumprir. Só que iluminando uma das partes, fatalmente iluminará a outra.
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