Por Carlos Chagas
Diplomado ontem o novo governador de Brasília, Agnelo Queiroz, voltam-se as atenções para o primeiro dia de janeiro, quando assumirá. Fazer o quê,diante do caos em que se transformou a capital federal? Pode ser que ele saiba, mas quanto aos resultados, fica a interrogação. Senão vejamos:
O serviço de saúde pública naufragou. Hospitais e postos carecem de tudo, a começar pelos médicos, dos mais mal pagos de todo o país. As filas estendem-se desde o dia anterior. Intervenções de emergência são marcadas para seis meses depois, mas rotineiramente adiadas quando chega o dia. As UTIs não funcionam, faltam os remédios que o governo deveria distribuir gratuitamente. Equipamentos caríssimos permanecem nos caixotes por anos a fio. Acresce que não apenas a população de Brasília e do entorno goiano valem-se dos serviços locais, ou tentam valer-se. Municípios existem em Goiás, Minas, Bahia, até no Maranhão e no Piauí, cujos prefeitos, em vez de construir postos de saúde, compram ambulâncias: fica mais barato mandar seus doentes para Brasília. A única exceção em termos de saúde pública é o Hospital da Rede Sarah, uma referência mundial para doenças no aparelho locomotor, mas situa-se no plano federal, sem sofrer interferência do poder local. Ainda bem.
O trânsito virou uma loucura. Logo haverá mais veículos do que habitantes, no Distrito Federal, mas guardas, sejam do Detram ou da Polícia Militar, de jeito nenhum. Engarrafamentos multiplicam-se nas horas do rush e, no centro da cidade, estaciona-se até em fila tripla. Os transportes coletivos pouco ajudam ainda que a máfia das empresas de ônibus continue estimulando greves de motoristas e trocadores para conseguir sempre aumento de tarifas. Aliás, as mais caras do país. Na rodoviária do Plano Piloto as escadas rolantes não funcionam e a sujeira é uma constante, paraíso de drogados, desocupados e indigentes. Mil vezes reformada, ela permanece a mesma pocilga de sempre.
Em Brasília não há cracolândia definida. Espalha-se o uso do crack por todas as superquadras, setores habitacionais, centros comerciais, condomínios, invasões e cidades-satélites. Uma praga de fazer inveja aos antigos donos do Complexo do Alemão, pelo potencial de fregueses. Maconha e cocaína são oferecidas abertamente, até nos salões do Congresso.
Depois do pôr-do-sol tornou-se um risco ficar na rua, na periferia da capital. Sucedem-se os assaltos com abominável rotina, sem falar no temor dos pequenos comerciantes de terem confiscada a féria do dia por marginais de toda espécie, em especial menores de idade. Roubos em residências são freqüentes, nos bairros mais luxuosos não há casa onde não se encontre um segurança contratado. Desdobram-se as polícias civil e militar, mas o número de meliantes cresce em progressão geométrica, enquanto os agentes, sequer em progressão aritmética. Brasília acaba de ocupar os primeiros lugares nas estatísticas de assassinatos, estupros e seqüestros-relâmpago.
Os tais quinze milhões de empregos que o governo Lula disse haver criado passaram longe daqui. Basta parar num sinal de trânsito qualquer para se contar o número de pedintes, camelôs que vendem panos de chão, bolas e bonecos de toda espécie. Além de mendigos e distribuidores de folhetos de propaganda. Com prevalência de maiores de idade, apesar da quantidade considerável de crianças e de velhos.
A maior área verde urbana do país consegue, também, tornar-se a maior concentração nacional de gambás e ratazanas, infestando os setores nobres de habitação, os bairros de classe média e as vilas mais modestas.
Como começamos, vamos concluir essa rápida resenha das agruras visíveis de Brasília com a saúde pública: os casos de dengue batem recordes a cada mês e até uma abominável bactéria infensa a antibióticos acaba de ser detectada, espalhando-se pelos hospitais locais.
O problema é que Agnelo Queiroz precisará enfrentar o maior de todos os males, invisível mas tão ou mais solerte que os demais: a corrupção. Antes, dizíamos que os corruptos vinham de fora, até chegavam às terças-feiras e iam embora às quintas, uma forma de os brasilienses revidarem a má-vontade e as agressões de jornalistas, empresários e bobalhões de São Paulo e do Rio. Infelizmente, não é mais assim. Já temos bandidos de colarinho branco estabelecidos em nossos limites. Um senador foi cassado, outro renunciou para não ser e um governador acabou preso. Imagine-se quantos sócios, coniventes, aproveitadores e asseclas orbitavam em torno deles. A maioria continua livre até das denúncias públicas, impávida, continuando a fazer negócios escusos, amealhando comissões e conseguindo contratos às custas dos dinheiros públicos e das contribuições privadas. Tem muita gente honesta no governo do Distrito Federal, mas, meu Deus, quantos ladrões, também!
O novo governador que se cuide, porque por muito menos Napoleão perdeu a guerra...
O serviço de saúde pública naufragou. Hospitais e postos carecem de tudo, a começar pelos médicos, dos mais mal pagos de todo o país. As filas estendem-se desde o dia anterior. Intervenções de emergência são marcadas para seis meses depois, mas rotineiramente adiadas quando chega o dia. As UTIs não funcionam, faltam os remédios que o governo deveria distribuir gratuitamente. Equipamentos caríssimos permanecem nos caixotes por anos a fio. Acresce que não apenas a população de Brasília e do entorno goiano valem-se dos serviços locais, ou tentam valer-se. Municípios existem em Goiás, Minas, Bahia, até no Maranhão e no Piauí, cujos prefeitos, em vez de construir postos de saúde, compram ambulâncias: fica mais barato mandar seus doentes para Brasília. A única exceção em termos de saúde pública é o Hospital da Rede Sarah, uma referência mundial para doenças no aparelho locomotor, mas situa-se no plano federal, sem sofrer interferência do poder local. Ainda bem.
O trânsito virou uma loucura. Logo haverá mais veículos do que habitantes, no Distrito Federal, mas guardas, sejam do Detram ou da Polícia Militar, de jeito nenhum. Engarrafamentos multiplicam-se nas horas do rush e, no centro da cidade, estaciona-se até em fila tripla. Os transportes coletivos pouco ajudam ainda que a máfia das empresas de ônibus continue estimulando greves de motoristas e trocadores para conseguir sempre aumento de tarifas. Aliás, as mais caras do país. Na rodoviária do Plano Piloto as escadas rolantes não funcionam e a sujeira é uma constante, paraíso de drogados, desocupados e indigentes. Mil vezes reformada, ela permanece a mesma pocilga de sempre.
Em Brasília não há cracolândia definida. Espalha-se o uso do crack por todas as superquadras, setores habitacionais, centros comerciais, condomínios, invasões e cidades-satélites. Uma praga de fazer inveja aos antigos donos do Complexo do Alemão, pelo potencial de fregueses. Maconha e cocaína são oferecidas abertamente, até nos salões do Congresso.
Depois do pôr-do-sol tornou-se um risco ficar na rua, na periferia da capital. Sucedem-se os assaltos com abominável rotina, sem falar no temor dos pequenos comerciantes de terem confiscada a féria do dia por marginais de toda espécie, em especial menores de idade. Roubos em residências são freqüentes, nos bairros mais luxuosos não há casa onde não se encontre um segurança contratado. Desdobram-se as polícias civil e militar, mas o número de meliantes cresce em progressão geométrica, enquanto os agentes, sequer em progressão aritmética. Brasília acaba de ocupar os primeiros lugares nas estatísticas de assassinatos, estupros e seqüestros-relâmpago.
Os tais quinze milhões de empregos que o governo Lula disse haver criado passaram longe daqui. Basta parar num sinal de trânsito qualquer para se contar o número de pedintes, camelôs que vendem panos de chão, bolas e bonecos de toda espécie. Além de mendigos e distribuidores de folhetos de propaganda. Com prevalência de maiores de idade, apesar da quantidade considerável de crianças e de velhos.
A maior área verde urbana do país consegue, também, tornar-se a maior concentração nacional de gambás e ratazanas, infestando os setores nobres de habitação, os bairros de classe média e as vilas mais modestas.
Como começamos, vamos concluir essa rápida resenha das agruras visíveis de Brasília com a saúde pública: os casos de dengue batem recordes a cada mês e até uma abominável bactéria infensa a antibióticos acaba de ser detectada, espalhando-se pelos hospitais locais.
O problema é que Agnelo Queiroz precisará enfrentar o maior de todos os males, invisível mas tão ou mais solerte que os demais: a corrupção. Antes, dizíamos que os corruptos vinham de fora, até chegavam às terças-feiras e iam embora às quintas, uma forma de os brasilienses revidarem a má-vontade e as agressões de jornalistas, empresários e bobalhões de São Paulo e do Rio. Infelizmente, não é mais assim. Já temos bandidos de colarinho branco estabelecidos em nossos limites. Um senador foi cassado, outro renunciou para não ser e um governador acabou preso. Imagine-se quantos sócios, coniventes, aproveitadores e asseclas orbitavam em torno deles. A maioria continua livre até das denúncias públicas, impávida, continuando a fazer negócios escusos, amealhando comissões e conseguindo contratos às custas dos dinheiros públicos e das contribuições privadas. Tem muita gente honesta no governo do Distrito Federal, mas, meu Deus, quantos ladrões, também!
O novo governador que se cuide, porque por muito menos Napoleão perdeu a guerra...
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