Saiu no Estadão, pág. A8 e numa manchete colossal na primeira página: “Governo libera verba milionária (sic) à UNE”.
“Nos últimos dias do governo Lula, R$ 30 milhões de indenização referente ao período da ditadura são depositados na conta da entidade.”
Num box “para entender” (sic), o Estadão “explica”:
A sede original da UNE (na Praia do Flamengo, no Rio), havia sido doada em 1942 por Vargas. “O espaço concentrou campanhas importantes (como a do “Petróleo é Nosso”, a Campanha da Legalidade de Brizola, e as Reformas de Base de Jango – PHA ) e atividades do movimento estudantil até 1º. de Abril de 1964, um dia após o Golpe Militar, quando o prédio foi destruído por um incêndio”.
A UNE foi também uma escola de quadros políticos.
Aldo Arantes; Vinicius Brandt; Aldo Rebelo, Lindenbergh Farias, que liderou a campanha do impeachment de Collor e se elegeu agora senador pelo Rio; Orlando Silva, Ministro dos Esportes.
Quem também foi presidente da UNE e participou do Comício da Central pelas Reformas de Base de Jango foi o Padim Pade Cerra.
Mas, logo depois da intervenção militar, ele foi para o Chile.
Ele não viu a instituição que presidia pegar fogo.
Isso é que um líder de coragem !
E, uma vez, Cerra disse a um grupo de brasileiros exilados em Paris que, agora, o Governo Allende estava firme: Allende tinha acabado de nomear um Chefe do Estado Maior de confiança.
Sabe quem, amigo navegante ?
O Pinochet.
O que dá uma idéia da perspicácia do Padim Pade Cerra.
De todos os acima citados, Cerra foi o único que mudou de rumo.
Cerra hoje é o candidato à Presidência do Estadão.
Estadão esse que não foi capaz de manifestar qualquer perplexidade ou indignação com o incêndio do prédio da UNE, na sequência da intervenção militar.
Foi, digamos assim, para o Estadão, um incêndio normal.
Um incêndio do Reichstag numa nice.
E sobre os R$ 40 milhões ?
R$ 40 milhões ?
Isso é dinheiro de pinga para a Chevron.
Cada três minutos de ligação da Chevron do Brasil para os Estados Unidos para contar que o Cerra ia meter a mão no pré-sal saem mais caros do que o dinheiro que o Brasil deve à união dos estudantes.
Em tempo: para quem não conhece a geografia do Rio ou faltou à aula de História, o prédio da UNE fica perto de onde morava o Carlos Lacerda.
Que sofreu muito com a vizinhança.
Paulo Henrique Amorim
Nenhum comentário:
Postar um comentário