segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

SEGREDO OU RAZÕES DE ESTADO

A atuação de Julian Assange coloca em xeque os jogos de poder no mundo contemporâneo. Mas não adianta querer individualizar o Wikileaks, pois esta é a expressão da cidadania global em rede, é um fato sistêmico, e contou ou conta certamente com a colaboração de muitas pessoas.
Já se discutiu nos Blog's umas semanas atrás essa questão do "segredo de Estado". Sua banalização informativa, feita no decorrer das décadas de liberdade de informação, ao longo do séc. XXI, mostraram que por detrás das "razões de Estado" o que há mesmo é o interesse de um indivíduo, de alguns deles, ou de poucos grupos, que nada tem a ver com razões necessárias e legítimas dos interesses coletivos do Estado.
Por isso o totalitariasmo, o autoritarismo, a manipulação das massas, fica muito mais difícil. Não existe mais aquele distanciamento entre os mitos do poder e a realidade nua e crua que chega até os cidadãos comuns. Antes demorava um tempo enorme. Décadas, até que soubesse, até que se estudasse, até que as informações circulassem em esferas diversas, em países e regiões diversas. Hoje isso ocorre em horas, em minutos, no mundo todo, sem apelação!
Não existe mais a "eminência parda", aquele que detém realmente o poder decisório centralizado, a possibilidade de que ele fique anônimo. Se tomarmos apenas o governo dos neoconservadores de W. Bush, todos sabemos quem eram os "falcões", quem eram os amigos de Bush, que negócios foram feitos para favorecê-los, inclusive em meio às guerras, como serviços de segurança ou de suprimento das tropas. No exato momento em que ocorriam, e com larga divulgação, inclusive fora dos EUA.
As pessoas ou grupos que tomarem medidas autoritárias ou abusivas hoje, devem saber em que mundo vivem. Mesmo que se considerem "acima da lei", como infelizmente ainda é o caso nos países não democráticos, ou de democracia em construção, não serão mais protegidos pela falta de identificação e de divulgação, ou pela desinformação através de uma imagem falsa passada para as massas populares. Tudo será conhecido, tudo será analisado e avaliado. E aqueles que ficarem contra a democracia e a liberdade da informação, tenderão a ser devidamente identificados e classificados de acordo com as exatas atitudes que tomam, conhecidas no mundo inteiro.
Não dá pra reverter mais. Como não deu pra reverter os automóveis, o telefone, as geladeiras, as televisões, os rádios, os gravadores e video-cassetes. Não dá pra chegar agora e dizer para a cidadania global que esse negócio de Internet não dá certo, que é perigoso para a segurança nacional, etc. Só dá para ir adiante. Só dá para acompanhar os novos tempos ou ficar para trás, ou ficar para fora da nova cidadania global e digital.

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