sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

LUTO ETERNO

É comovente e muito pertinente. Os repórteres da Globo e Cia, parecem ter “orgasmos” para mostrar, repetir, repetir, tentar arrancar afirmações dramáticas, lágrimas, … é a “alegria dos homens tristes”.
O morto anônimo realmente não importa, esse pode servir pra alavancar a audiência.
O morto familiar, o morto conhecido, esse sim, importa muito.
A televisão não fabrica a compaixão, ela existe pela própria identificação com o sofrimento alheio, como sendo muito semelhante ao nosso próprio.
Senti no relato uma resistência, mas será que foi á forma como a mídia explorou a tragédia ou foi resistência aos sentimentos que vêm á tona numa situação dessa?
Claro que a luta e o esforço sobre humano dos sobreviventes é extremamente tocante e deve ser bastante valorizado, mas a tristeza, a revolta e a compaixão pelos mortos é o que nos faz viver essa experiência por inteiro, um sentimento não exclue o outro.
Não basta reconstruir e seguir em frente, temos que honrar os mortos, principalmente em seus direitos, que sejam reconhecidos e recompensados, claro, para benefício de seus familiares.
A morte não elimina o reconhecimento da vida dessas pessoas.
E vem a pergunta: De quem é a culpa? Claro que tem politicagem, má gestão pública, incompetência, enfim a parcela de culpa dos governos das três esferas. Mas eu creio que é bom não esquecer que há um modo de produção e de vida que responsabiliza todos nós: o latifúndio, a monocultura que empurra as pessoas do campo para as periferias, o lixo de nosso consumismo, a erosão e assoreamento dos rios, o desmatamento, as queimadas… E a tragédia está também nas secas terríveis, na falta de água … no êxodo, que provocam mais ocupações de pessoas em áreas de risco. É muito complexo!
É uma cadeia que se alimenta e que fertiliza a tragédia. Para muitos, esses episódios são mais um pouco da tragédia que é a própria vida, mas é vida com toda a sua potência. Potência de solidariedade, de generosidade, que a televisão é incapaz de perceber.

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