Por Carlos Chagas
Décadas, talvez séculos atrás, usava-se uma expressão que o avanço da tecnologia tornou obsoleta. Quando se verificavam esforços que redundavam em nada, dizia-se que seus artífices estavam “malhando em ferro frio”. Era a imagem do ferreiro que, ao forjar uma espada, esquecia-se de acender o fogo. De nada adiantava vibrar o martelo na lâmina fria, com a bigorna embaixo.
Coisa parecida acontece depois de cada inundação como essa que ainda assola São Paulo e outras regiões. O governador e o prefeito anunciam montes de recursos para minorar as agruras das vítimas, mas pouco vale a iniciativa. Por isso culpam a chuva, fator de menor responsabilidade em tudo.
Não apenas em São Paulo, mas nas grandes e médias cidades do país inteiro, avoluma-se a ocupação desordenada do solo, nos morros e periferias, por gente sem condições de morar no asfalto. Nenhum governo cogita, para valer, de zonear, limitar, fiscalizar e definir a meteórica criação de novos bairros e subúrbios. Da mesma forma, não lhes passa pela cabeça investir em obras que não aparecem, do saneamento à implantação e limpeza de redes de esgoto e de escoamento pluvial. Nem os rios são dragados como se esperaria. Da mesma forma, com relação ao lixo, apenas autorizam lixões que, insuficientes, estendem-se para ruas e avenidas. O resultado aí está: a cada ano que passa maiores e mais letais são os efeitos dos aguaceiros, restando repetir o chavão de que “este ano, choveu num dia o que não chove num mês”. A verdade é que dos atuais governantes, prefeitos e governadores, não há um que em sua campanha tenha apresentado planos e programas destinados a solucionar de verdade a questão das inundações. Melhor prometer viadutos...
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