Por Carlos Chagas.
Na primeira reunião de trabalho do ministério, amanhã, qual será a mensagem principal da presidente Dilma Rousseff à sua equipe? Não vai ser fácil elaborar um discurso único para 37 personalidades tão diferentes em termos de concepções administrativas, econômicas, partidárias, políticas e sociais. Apenas a chefe do governo exprime o denominador comum, por sua vez nebuloso na medida em que ela ainda não definiu sua diretriz maior. Contenção ou desenvolvimento? Prevalência de iniciativas sociais, como a promessa de extinguir a pobreza, ou prioridade para cortes nas despesas públicas e no orçamento, como anunciado?
As duas tradicionais correntes que tem dividido os governos nas últimas décadas começam a delinear-se. Pelo menos os partidários da contenção já escolheram o seu porta-voz, no caso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Os desenvolvimentistas e os adeptos de investimentos maciços no setor social ainda não definiram o seu campeão. O grande número de ministros desconhecidos do grande público permite que sobressaia Carlos Lupi, do Trabalho. Alexandre Padilha, da Saúde, e Garibaldi Alves, da Previdência Social, estão de olho, mas ainda é cedo para se escalado o capitão do time.
Nos seus oito anos de governo, o presidente Lula conseguiu sobrepor-se ao conjunto, mais ou menos como aquele craque que “jogava nas onze”. Não será o caso de Dilma, de quem se exigirá mais do que o carisma, pois a necessidade de apresentar o seu perfil. Em detalhado discurso de posse, perante o Congresso, como num banquete de gala, ela serviu toda espécie de pratos e guloseimas. Todos os gostos foram satisfeitos, conforme se viu nos comentários dos jornais conservadores, liberais e até da esquerda. O problema é que a hora das definições já tarda.
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