sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

QUEM SE DESGASTA É O SUPREMO

Por Carlos Chagas
Das decisões e definições  que o país  espera de  Dilma Rousseff, a mais premente é a nomeação do décimo-primeiro ministro do Supremo Tribunal Federal. Fica difícil aquela corte funcionar incompleta, como acontece desde agosto, por preguiça ou esperteza do já agora ex-presidente Lula.  Com dez ministros,  questões importantes estão ficando  em cima do muro, como a Lei da Ficha Suja e, ainda agora,  o caso Césare  Battisti.
Parece  injusto o desgaste sofrido pelo Supremo, expondo as  votações a empates  por 5 a 5,  quando sua destinação constitucional é  de dar a última palavra   em quaisquer questões que lhe sejam submetidas.
Juristas de alto saber e reputação ilibada não faltam. Muito menos se imagina o Senado em pé-de-guerra com o Executivo,  abrindo a hipótese de rejeitar a   indicação, coisa que jamais ocorreu. Continua alta a cotação do Advogado Geral da União, Luís Inácio Adans, ainda que outros nomes existam em profusão.
Em fevereiro o STF examinará a controversa questão Battisti, dividindo-se as opiniões. Para uns, nada mais há a fazer, quando  transferiu a decisão ao então presidente Lula, que rejeitou a extradição do réu para a Itália. Estaria resolvido o caso? Muitos entendem que não. O Supremo poderia opinar a respeito de suposta quebra do  tratado Brasil-Itália e enviar o indigitado cidadão ao  seu país de origem. Agora, imagine-se a possibilidade de um novo 5 a 5, capaz de desgastar ainda mais a imagem da corte.
Tempo dá, para a presidente da República evitar o impasse.  Em tese, o décimo-primeiro ministro pode ser indicado a qualquer momento. Nada impede que o Senado se reúna extraordinariamente, ainda em janeiro, para examinar a indicação. Mesmo ficando a reunião para fevereiro, já sob a égide de um novo Senado, tudo se resolveria.  Necessário, mesmo, é o governo definir e propor um nome.

Nenhum comentário: