De volta para um lugar de onde nunca saí.
Não posso começar esta nova fase do Tijolaco.com sem, em primeiro lugar, agradecer de coração a compreensão, a paciência e a solidariedade amiga que os amigos deste blog me deram.
Que bom quando até mesmo o silêncio da gente é compreendido e a confiança sobrevive ao silêncio e à ausência necessários.
Durante o mês de dezembro e parte de janeiro, um tratamento mais intenso e uma cirurgia produziram significativa melhora em minha visão e, por isso me mantive afastado. Depois, o posto de secretário de Trabalho do Rio de Janeiro não apenas me absorveu o tempo como, de alguma forma, obrigou-me a manter numa posição mais discreta.
Afinal, quando se ocupa uma função de governo, tudo o que você diz ou faz tem muito mais implicações do que quando se ocupa apenas um mandato político parlamentar.
E, por reassumir hoje este mandato, reassumo, também, de imediato, este nosso espaço de diálogo.
Volto à Câmara para ajudar no combate, que não será fácil, em defesa dos rumos que o Brasil tomou com Lula e que prosseguem com Dilma Rousseff: o do crescimento econômico com justiça social, dois pilares da afirmação do Brasil como país soberano e que luta para interromper o processo histórico de drenagem de nossas riquezas.
Que ninguém pense que as intenções e ações das forças que só enxergam o Brasil das elites e dos negócios vão mudar. Podem, durante algum tempo, ser menos explícitas e mais traiçoeiras.
A Presidenta Dilma tem a seu favor duas características que asseguram que a mudança, em nosso país, não apenas vai continuar como irá se aprofundar.
A coragem e a determinação que marcam toda a sua trajetória e seu comportamento austero - que já ficou claro nestes menos de três meses de Governo – dão a todos a certeza de que seu Governo, partindo do patamar que deixou Lula, vai alcançar um sucesso e solidez que os nossos grandes “analistas” da imprensa – entre eles os que foram fazer papel de informantes políticos do Governo dos EUA – não são capazes de compreender, como jamais acreditaram que Lula – para eles, quase um bronco - pudesse governar o país anos-luz à frente de FHC.
Aliás, é curioso como a mídia brasileira – salvo exceções - se curvou submissa ao espetáculo de marquetagem e de abusos que foi a visita de Barack Obama terminada ontem. A ideia – abortada, felizmente – de um comício na Cinelândia, à revelia do Governo brasileiro, e a desfaçatez de tratar sem reserva – a ordem de ataque militar à Líbia em pleno território de um país estrangeiro (para ele) foram de uma grosseria que não me lembro de ter presenciado outras vezes.
Muito bem fez o Lula – que não tem mais o dever de governante a limitar-lhe as ações – em recusar o convite para amenidades e sorrisos com Obama. Guerra, independente dos motivos que tenha, não combina com este comportamento.
A ausência de Lula foi uma resposta digna e silenciosa a este “oba-obama” midiático.
Não há nisso qualquer tipo de xenofobia ou antiamericanismo primário. Ninguém nega a importância econômica e cultural dos EUA para o Brasil e, se houve Lincolns Gordons a ajudar a implantar a ditadura de 64, também houve Thomas Jefferson a inspirar os inconfidentes de Minas, dois séculos antes.
Mas, para além da sombra da guerra a obscurecer e amargar a visita de Obama, ficou flagrante a falta de gestos concretos para superar as barreiras comerciais, as restrições tecnológicas e a unilateralidade da ordem mundial, apontadas no discurso e propostas da Presidenta Dilma.
Mesmo que, depois de oito anos de Bush, seja inegável a simpatia de Barack Obama, os brasileiros esperávamos muito mais do presidente norteamericano do que enaltecer nossas belezas, nossa pluralidade e oferecer serviços das empresas norte-americanas.
Mas isso é assunto para os próximos (e muitos) posts, que me andaram fazendo falta escrever.
E que, daqui a pouco, começam a entrar no ar, para – eu espero – que esse Tijolaco.com volte a ter a força e o apoio de seus leitores, de onde vem a energia para continuar a luta.
Para um combate de onde nunca saí.
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