segunda-feira, 21 de março de 2011

SOB A ÉGIDE DA DECEPÇÃO

Por Carlos Chagas.
Uma decepção.  À  expectativa otimista seguiu-se uma impressão frustrante por parte do governo  brasileiro, quanto à visita de Barack Obama a Brasília, sábado.
Dilma Rousseff fez o dever de casa, falou o que precisava em defesa de nossos interesses. Com educação,   mas com firmeza, criticou as barreiras alfandegárias erigidas pelos Estados Unidos diante de nossas exportações de etanol, aço, algodão, carne  e suco de laranja, entre outras.  O visitante ficou nas generalidades, elogiando nosso crescimento econômico, nossa democracia, o combate à pobreza, a liderança que exercemos na América do Sul e a  necessidade de uma atuação global entre os dois países,  mas nenhuma garantia de que nossas reivindicações específicas  serão atendidas.  Também a respeito   do   ingresso   do Brasil  como membro permanente do Conselho de Segurança, apenas o  comentário de que a  ONU  precisa ser  aprimorada e que via  a hipótese com apreço e simpatia.  
Não deixou de registrar-se  um certo mal-estar quando, pouco depois de anunciar a seus jornalistas que havia autorizado ataques militares à Líbia, Obama ouviu, num encontro reservado  com a presidente, que o Brasil defende uma solução  pacífica para a crise no Norte da África. 
Para culminar, veio  o  clímax das  baixarias já  praticadas pela segurança americana há  algumas semanas:  os  gorilas exigiram revistar os  ministros brasileiros que iriam dialogar com ministros  e empresários dos Estados Unidos, num dos últimos  compromissos do dia. Recusaram-se os nossos ministros a ser apalpados em pleno território nacional,   retirando-se sem participar do  encontro.
Melhor assim à  enganação que poderia ter-se repetido desde que o primeiro presidente americano nos visitou,   Herbert Hoover, em 1928,  no governo Washington Luís.  O  cerco à Cinelândia, ontem, não foi aliviado pelo cancelamento do discurso que Obama faria  das escadarias do Teatro Municipal, transferido para o interior daquela casa de espetáculos.  Mas   perdeu para o fechamento do Cristo  Redentor.  Terão adiantado   as promessas de um novo ciclo nas relações entre os dois países? Tomara.  

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