NEOLIBERALISMO FISCAL NOS EUA SINALIZA RECESSÃO E GERA PÂNICO MUNDIAL. TRÉGUA DEPENDE DOS DADOS DO EMPREGO NOS EUA, NESTA 6º FEIRA. Bolsas de valores precificam a recessão contratada pelo arrocho fiscal norte- americano e despencam assustadoramente em todo o mundo. Quedas se aproximam do mergulho registrado no colapso de 2008 e 2009 e chegam à Ásia nesta 6º feira. Trégua depende dos dados do emprego nos EUA, a serem divulgados nesta 6º feira. Mas será curta. Ordens de vendas de ações amontoam-se em sucessivos disparos de ‘stop-loss' aprofundando a espiral declinante. Pânico é a palavra que voltou a circular no noticiário para descrever o sentimento nas praças do mundo ontem,que lembrou outra 5º feira, a de outubro de 1929. A zona do euro aos poucos se transmuta em uma enorme Grécia nas mãos da incerteza e da especulação. Fundos de investimentos querem juros cada vez maiores para financiar a dívida pública da Espanha e da Itália. Temor é que a recessão em marcha reduza receitas fiscais e inviabilize o serviço desses passivos. Os mercados desfrutam, mas sabem a que leva a insanidade neoliberal. Trichet é um exemplo desse manicomio travestido de ciencia. O ortodoxo presidente do BCE hesitava ontem em liberar recursos para aquisição maciça de títulos italianos e espanhóis, deixando que os preços se formem ao sabor das rajadas especulativas. Exibe a mesma prontidão e o discernimento de Herbert Hoover, presidente dos EUA em 1929. Num momento como o de agora, ele delegou aos mercados a tarefa de ‘purgar’ a desordem intrínseca ao seu metabolismo. O resultado é sabido. A lerdeza de um burocrata embebido em submissão funcional e doutrinária aos mercados ilustra um motor desta crise: o vácuo de liderança política que nos EUA levou a ascendência do Tea Part sobre a agenda fiscal. E que agora ameaça promover um repiquete do colapso de 2008. O discernimento político recomenda que a Presidenta Dilma reforce as linhas de defesa do país esboçadas no pacote 'Brasil Maior'. É forçoso ir além da agenda pontual. Passa da hora de uma negociação estratégica com sindicatos, movimentos sociais, lideranças empresariais para lastrear iniciativas de maior abrangência na esfera monetária e cambial. A defesa do mercado interno ante a perspectiva de uma nova contração turbulenta no plano inernacional cobra um esforço de consenso político em torno de duas salvaguardas: a redução dos juros e a centralização cambial que evite, agora, a fuga e o ingresso turbulento de capitais no país.
(Carta Maior; 6ª feira, 05/08/ 2011)
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