Não é preciso diploma universitário. Qualquer estudante de Historia, no ensino médio, saberá discorrer sobre os tempos do colonialismo, da época da Companhia das Índias Ocidentais, da França Antártica, da dominação da Índia e da Indochina, da África, Ásia e América por Portugal, Espanha, Inglaterra, Itália, França, Alemanha e adjacências. Felizmente, já passou o período em que os povos colonizados eram tidos como animais, indivíduos até sem alma.
Já passou? Coisa nenhuma. E não estamos falando do imperialismo ainda vigente. É de colonialismo, mesmo, como esse praticado pela FIFA, cuja evidência mais gritante nós e mais 500 milhões de telespectadores assistimos no último sábado, ironicamente à margem das águas da baía da Guanabara, de onde os franceses foram expulsos, 500 anos atrás.
Não se fala, hoje, pois já falamos há pouco, da impertinência de Joseph Blatter e sua quadrilha, exigindo o fechamento do aeroporto Santos Dumont durante quatro horas, por conta da cerimônia do sorteio. Ou de suas imposições a respeito da lotação e da arquitetura dos estádios onde se realizarão os jogos da Copa do Mundo, em 2014. Muito menos da indicação das empreiteiras encarregadas das obras, ou dos contratos de publicidade, comissões e propinas que escorrem desse covil de malandrões envoltos pela soberba. Nem será preciso alertar, também, para o fato de que pretendem influir até no relógio: exigem que a maioria das partidas venha a se iniciar às 13 ou 14 horas, debaixo de um sol que o inverno brasileiro permite apresentar-se sufocante. Para que? Para que na Europa as transmissões televisivas cheguem em horário aprazível, sem obriga-los a dormir mais tarde.
O tema hoje, porém, é mais profundo. Trata-se de colonialismo mesmo, explícito, puro e insofismável. Europeu, como não poderia deixar de ser.
Por que 13 vagas na competição são destinadas a 53 países do Velho Mundo, quando 4, mais o Brasil, país-sede, destinam-se à América do Sul? Apenas 3 para a América do Norte, América Central e Caribe? Para a África, 5. Para a Ásia, 4. Mas para eles, 13.
Será vigarice argumentar que no resto do mundo existem países incluídos na disputa sem a menor tradição no futebol, como Serra Leoa, Burquina Faso, Benin, Botsuana e Ilhas Maurício, na África. Ou Ilhas Cayman, Bermudas, Cuaraçau e Belise, no Concacaf. Muito menos Cingapura, Oman e Bahrein, na Ásia.
E por razão muito simples: entre os 53 europeus incluem-se Malta, Ilhas Faroe, Luxemburgo, Andorra, Liecheinstein, San Marino e quantos outros onde a bola, chutada para cima, é tida como objeto não identificado? Sem falar em outras maracutaias como dividir aquele pequeno arquipélago por quatro, abrindo vaga para Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte, na verdade governados por um só primeiro-ministro e representados por uma só rainha.
Com a implosão da União Soviética e da Iugoslávia, sem esquecer a divisão da Tchecoslováquia, surgiram dezenas de novos candidatos, ainda toleráveis, mas não deixa de ser cômico verificar estarem na disputa européia Armênia, Geórgia, Azerbaijão, Bielorússia e Moldávia, entre outros que até hoje confundem futebol com basquete. É mais ou menos como se a Federação viesse a ser extinta entre nós, e passássemos a exigir 27 vagas, inclusive para Rondônia, Roraima, Acre, Amapá e Piauí.
Convenhamos, nada conseguirá ofuscar o futebol sul-americano ou, muito menos, a festa que ofereceremos ao mundo daqui a três anos. Seria bom que a FIFA atentasse para o tempo do verbo: ofereceremos, quer dizer, nós, não a entidade colonialista que apenas atrapalha.
INVERSÃO DE VALORES.
Duas situações mantém-se opostas, num equilíbrio instável capaz de gerar pelo menos duas vagas no governo. Um quer ficar, outro quer sair, mas ambos encontram-se a um passo da defenestração. Falamos de Romero Jucá, líder do governo no Senado, que para não perder o cargo acaba de agredir o próprio irmão, endossando acusações de corrupção feitas contra ele. E de Nelson Jobim, ministro da Defesa, que não para de dar motivos para ser mandado embora. A semana pode terminar com o senador e o ministro alijados de suas funções.
Já passou? Coisa nenhuma. E não estamos falando do imperialismo ainda vigente. É de colonialismo, mesmo, como esse praticado pela FIFA, cuja evidência mais gritante nós e mais 500 milhões de telespectadores assistimos no último sábado, ironicamente à margem das águas da baía da Guanabara, de onde os franceses foram expulsos, 500 anos atrás.
Não se fala, hoje, pois já falamos há pouco, da impertinência de Joseph Blatter e sua quadrilha, exigindo o fechamento do aeroporto Santos Dumont durante quatro horas, por conta da cerimônia do sorteio. Ou de suas imposições a respeito da lotação e da arquitetura dos estádios onde se realizarão os jogos da Copa do Mundo, em 2014. Muito menos da indicação das empreiteiras encarregadas das obras, ou dos contratos de publicidade, comissões e propinas que escorrem desse covil de malandrões envoltos pela soberba. Nem será preciso alertar, também, para o fato de que pretendem influir até no relógio: exigem que a maioria das partidas venha a se iniciar às 13 ou 14 horas, debaixo de um sol que o inverno brasileiro permite apresentar-se sufocante. Para que? Para que na Europa as transmissões televisivas cheguem em horário aprazível, sem obriga-los a dormir mais tarde.
O tema hoje, porém, é mais profundo. Trata-se de colonialismo mesmo, explícito, puro e insofismável. Europeu, como não poderia deixar de ser.
Por que 13 vagas na competição são destinadas a 53 países do Velho Mundo, quando 4, mais o Brasil, país-sede, destinam-se à América do Sul? Apenas 3 para a América do Norte, América Central e Caribe? Para a África, 5. Para a Ásia, 4. Mas para eles, 13.
Será vigarice argumentar que no resto do mundo existem países incluídos na disputa sem a menor tradição no futebol, como Serra Leoa, Burquina Faso, Benin, Botsuana e Ilhas Maurício, na África. Ou Ilhas Cayman, Bermudas, Cuaraçau e Belise, no Concacaf. Muito menos Cingapura, Oman e Bahrein, na Ásia.
E por razão muito simples: entre os 53 europeus incluem-se Malta, Ilhas Faroe, Luxemburgo, Andorra, Liecheinstein, San Marino e quantos outros onde a bola, chutada para cima, é tida como objeto não identificado? Sem falar em outras maracutaias como dividir aquele pequeno arquipélago por quatro, abrindo vaga para Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte, na verdade governados por um só primeiro-ministro e representados por uma só rainha.
Com a implosão da União Soviética e da Iugoslávia, sem esquecer a divisão da Tchecoslováquia, surgiram dezenas de novos candidatos, ainda toleráveis, mas não deixa de ser cômico verificar estarem na disputa européia Armênia, Geórgia, Azerbaijão, Bielorússia e Moldávia, entre outros que até hoje confundem futebol com basquete. É mais ou menos como se a Federação viesse a ser extinta entre nós, e passássemos a exigir 27 vagas, inclusive para Rondônia, Roraima, Acre, Amapá e Piauí.
Convenhamos, nada conseguirá ofuscar o futebol sul-americano ou, muito menos, a festa que ofereceremos ao mundo daqui a três anos. Seria bom que a FIFA atentasse para o tempo do verbo: ofereceremos, quer dizer, nós, não a entidade colonialista que apenas atrapalha.
INVERSÃO DE VALORES.
Duas situações mantém-se opostas, num equilíbrio instável capaz de gerar pelo menos duas vagas no governo. Um quer ficar, outro quer sair, mas ambos encontram-se a um passo da defenestração. Falamos de Romero Jucá, líder do governo no Senado, que para não perder o cargo acaba de agredir o próprio irmão, endossando acusações de corrupção feitas contra ele. E de Nelson Jobim, ministro da Defesa, que não para de dar motivos para ser mandado embora. A semana pode terminar com o senador e o ministro alijados de suas funções.
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