RUY CASTRO
Entre os responsáveis pelos incêndios e arrastões em Londres nos últimos dias, há gente de todos os sexos, cores, idades, profissões, escolaridade, renda e preferências clubísticas. Há quem tenha saído de casa para saquear e há quem, casualmente nas proximidades de uma vitrine quebrada, tenha penetrado na loja e levado um estoque de iPhones, TVs de plasma, uísque Logan's ou camisas Lacoste. Ninguém se passou por roubar batata ou macarrão.
Como a causa dos saques e vandalismos não parece ser a crise, o desemprego ou a fome, pergunto-me como eu próprio reagiria se morasse em Londres e me visse de repente em situação de me aproveitar. Resistiria à tentação ou, protegido pelo anonimato, esqueceria os altos princípios e me integraria alegremente à turba?
Depende. Se o saque estivesse acontecendo numa livraria da rede Waterstone e as ofertas fossem joguinhos eletrônicos vagabundos, romances desses novos escritores irlandeses ou discos de Beyoncé, Lady Gaga e Madonna, eu ficaria firme como um bastião da honestidade e ainda faria tsk, tsk para os que estivessem se prevalecendo.
Mas, se os tumultos fossem nas proximidades de South Kensington, clássica região de Londres que foi cenário do "Peter Pan", de James M. Barrie, e onde mora meu amigo Ivan Lessa, as velhas convicções balançariam.
Não sei se resistiria a saquear a coleção de discos de cantores de Ivan, que vai dos LPs completos de Dick Haymes aos raros 45s de Billy Eckstine ou aos 10 polegadas originais de Mabel Mercer. Ou aliviar suas estantes de lindos romances ingleses e americanos em primeira edição, comprados nos últimos 60 anos. Mas bom mesmo seria saquear a cabeça de Ivan, onde ficam milhares de letras de músicas, diálogos de filmes e de peças, e histórias vívidas e vividas da cultura do século 20.
Entre os responsáveis pelos incêndios e arrastões em Londres nos últimos dias, há gente de todos os sexos, cores, idades, profissões, escolaridade, renda e preferências clubísticas. Há quem tenha saído de casa para saquear e há quem, casualmente nas proximidades de uma vitrine quebrada, tenha penetrado na loja e levado um estoque de iPhones, TVs de plasma, uísque Logan's ou camisas Lacoste. Ninguém se passou por roubar batata ou macarrão.
Como a causa dos saques e vandalismos não parece ser a crise, o desemprego ou a fome, pergunto-me como eu próprio reagiria se morasse em Londres e me visse de repente em situação de me aproveitar. Resistiria à tentação ou, protegido pelo anonimato, esqueceria os altos princípios e me integraria alegremente à turba?
Depende. Se o saque estivesse acontecendo numa livraria da rede Waterstone e as ofertas fossem joguinhos eletrônicos vagabundos, romances desses novos escritores irlandeses ou discos de Beyoncé, Lady Gaga e Madonna, eu ficaria firme como um bastião da honestidade e ainda faria tsk, tsk para os que estivessem se prevalecendo.
Mas, se os tumultos fossem nas proximidades de South Kensington, clássica região de Londres que foi cenário do "Peter Pan", de James M. Barrie, e onde mora meu amigo Ivan Lessa, as velhas convicções balançariam.
Não sei se resistiria a saquear a coleção de discos de cantores de Ivan, que vai dos LPs completos de Dick Haymes aos raros 45s de Billy Eckstine ou aos 10 polegadas originais de Mabel Mercer. Ou aliviar suas estantes de lindos romances ingleses e americanos em primeira edição, comprados nos últimos 60 anos. Mas bom mesmo seria saquear a cabeça de Ivan, onde ficam milhares de letras de músicas, diálogos de filmes e de peças, e histórias vívidas e vividas da cultura do século 20.
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