O 171 sumiu com a grana!
Por Lucio de Castro
A história não chega a ser nova, nem o golpe. Mudaram os personagens e as vítimas. Dessa vez, atletas de ponta do esporte brasileiro. Cabeças coroadas das quadras, campos, arenas e estádios... Gente que perdeu muita grana com um Madoff tupiniquim. A operação é simples: o atleta ganha uma premiação ou tem rendimento obtido no exterior. Para fugir das altas taxações do leão brazuca, confia em doleiro para trazer o dinheiro, ou deixa essa prata lá fora, sob os cuidados desse sujeito. Durante anos alguns atletas confiaram no sujeito. E recentemente viram o mundo desabar diante do aviso do 171: “não existe mais dinheiro lá fora”.
Segundo o sujeito, um sócio gringo dele sumiu com o dinheiro. Para muitos, o 171 tupiniquim pegava o dinheiro da turma daqui e ficava aplicando. Perdeu alguma grana, embolsou outra, e simplesmente avisou que já era: o dinheiro já não existia mais. Babou, dançou, foi oló, bateu caçuleta, tomou doril, escafedeu-se. Como queira, mas o fato é que o faz me rir bateu asas da conta de alguns...!
O aviso vem acompanhado do cínico lembrete: “não adianta correr atrás. Pode ir na delegacia, na Receita, na PF se quiser. Não vai adiantar nada... ”. E tem razão nesse aspecto. Esse dinheiro não tem comprovação de entrada ou saída. E acima de tudo, quem se valeu dos serviços do gente boa sabe que incorreu em crime fiscal, portanto não irá se denunciar.
Recentemente contei na Revista da ESPN a história do buona gente que sumiu com o dinheiro (muita grana...) de cabeça coroada e cartolada do esporte. Na verdade, a história aqui é diferente. Na reportagem da revista, o dinheiro tomado fora obtido de forma ilícita, (título da matéria: “Cem Anos de Perdão”). No caso atual em questão, o dinheiro foi obtido licitamente, com suor, esforço e trabalho. O erro dos atletas foi no envio ou retirada da grana através do sujeito, sem passar pelas instituições brasileiras e consequentemente, sem tributação. O tal gente boa fazia essa operação há mais de 10 anos para vários do esporte e por isso tinha a confiança de muitos atletas.
O caso ficará por isso mesmo. Nenhum atleta aceita falar em on, claro, e nem irá falar ou denunciar o tal 171. E cada um dos atletas lesados vai contabilizar seus prejuízos. Por isso é um crime quase perfeito: não irá vazar porque quem está errado não pode denunciar na imprensa ou na polícia. E também não existe prova.
No caso de atletas em começo de carreira, é menos cruel porque sempre existe a chance de refazer a vida, ganhar mais pela frente. Mas no caso de alguns que estão deixando a carreira ou deixaram há pouco, o buraco é mais embaixo e muito mais dramático. Moral da história: nunca se confia num 171.
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