Drama e maldade: a questão dos ingressos.
E o que seria do futebol sem o tal do drama? O dramático, o enternecedor, o tocante? Futebol não passa de uma novela que, ao contrário das originais, você não sabe o final. Por isso, quando o assunto é drama, futebol fica mais perto das crônicas rodrigueanas do que da novela de antes ou depois do jornal. Muito mais dramático.O drama se faz presente em cada suplício de uma peleja, e não há drama maior do que a torcida adversária. De longe você avista, aqueles poucos, de cores diferentes da sua, tímidos sabendo que estão se sentindo mais por fora do que o Elizeu. Mas aí é que entra o drama. Aqueles poucos podem ser os principais. Me digam meus caros, o que é um gol sofrido sem ouvir o grito tímido e empolgado do torcedor adversário? Se o estádio silencia, é eles quem gritam, e te dão nos nervos, afinal, é sua casa, é você que deveria estar esguelando e distribuindo suor com o companheiro de arquibancada alheio.
Meus amigos, a conclusão é inefável: não existe futebol sem a chatice da torcida visitante.
Eis que o Atlético Mineiro, companheiro de cores e de sofrimento, mas que parece querer forçar uma briga de galo com o Botafogo que não é, e nunca quererá ser galináceo, tira a graça de uma peleja que se disputa nesse fim de semana na cidade que atende pela alcunha de Sete Lagoas.
A torcida do Botafogo não quer uma, nem duas das lagoas, sejá lá se realmente existem as sete. Quer só poder pagar, entrar, e cumprir o seu papel na partida, ou seja, ver e torcer.
Falemos agora da maldade. Ela sempre parece caminhar de mãos dadas, de dedos cruzados, com o drama. É um drama ser botafoguense fora do Rio. Não é a mesma coisa. Todo botafoguense expatriado, ou já foi carioca, ou quer ser ou vai morrer querendo. E não é pela praia de Ipanema, pelo Galeto da Miguel, pelo café da Colombo e nem pela Pedra do Sal. É pelo Botafogo. É pelo direito de ir e vir... ao estádio. Não há nada que faça mais um botafoguense mineiro feliz do que um jogo no estádio e um pão de queijo. Dois pães de queijo então, nem se fala...
Voltando à maldade. Um botafoguense mineiro tem duas datas comemorativas importantes: o Natal e a Páscoa. E tem dois jogos importantes: o contra o Cruzeiro e o contra o Atlético. Percebem o tamanho da maldade? Tirar de um torcedor o direito de ver o Botafogo aqui é como tirar a Páscoa, o Natal do cidadão! Se isso não é maldade meus caros, eu não sei o que é.
A subjetividade do texto não deixa de destacar a coisa séria, faço esforço então para me ater ao fato, mas só na próxima frase. É um absurdo a diretoria do Galo, deliberadamente, disponibilizar só 1% dos ingressos para a torcida visitante, ao contrário dos 10% garantidos em lei.
10% significariam 1900 botafoguenses, 1% significa 190 botafoguense e é esse o número que estará lá.
A vida não é assim Atlético! Se ao invés de 10, me cobrassem 1% no fim da conta do bar, eu estaria menos pobre. Se a minha poupança que já não é lá essas coisas me desse ao invés de 1% de rendimento, 10 eu estaria mais rico!
A vida não é assim Atlético! Se ao invés de 10, me cobrassem 1% no fim da conta do bar, eu estaria menos pobre. Se a minha poupança que já não é lá essas coisas me desse ao invés de 1% de rendimento, 10 eu estaria mais rico!
Um por cento. É até simbólico. Aliás, um por cento foi o que o Plinio, candidato a presidência teve no primeiro turno. E hoje todo mundo já ouviu falar no Plinio, não é? Pois bem, Domingo, todo mundo vai ter ouvido falar nos 190 de Sete Lagoas. Aguardem, afinal, o futebol não vive sem drama. Quem viver verá.
Thales Machado vai escrever sempre aqui, desse jeito. Ele é um botafoguense mineiro, e será um dos 190 amanhã.
No Twitter: @thalesche - Contato: thalescmachado@gmail.com
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