Por Carlos Chagas
Coincidência ou maldade dos deuses, mas foi durante a celebração do Dia Nacional Contra a Corrupção, quinta-feira, que surgiu a denúncia da compra de votos de deputados pelo lobby dos bingos, visando aprovar projeto de lei liberando o jogo no país. É preciso saber quem vende e quem compra para se estabelecer os padrões do relacionamento entre eles. Porque se os interessados na reabertura das casas de bingo fossem apenas os que também pretendem a volta dos cassinos, seria possível concluir pela viabilidade da proposta. Desde que, é claro, definidas previamente as poucas cidades onde a roleta poderia girar, de preferência estâncias hidrominerais. Nessa hipótese, o lobby estaria botando dinheiro fora, desperdiçando recursos, já que a tendência majoritária no Congresso parece pela liberação limitada do jogo.
O perigo da volta do bingo e dos cassinos está na simbiose dessas práticas com o crime organizado, em especial o narcotráfico. Os proprietários são os mesmos. Não se fala dos chefes de quadrilha instalados ou sendo postos para fora dos morros e periferias. Estes são apenas casos de polícia. Os verdadeiros barões da cocaína e sucedâneos deveriam ser objeto do Banco Central e da Receita Federal, para começar. E se são eles que andam comprando deputados, é bom prestar atenção. Estendendo seus tentáculos até a Câmara, por conta dos bingos e dos cassinos, na verdade estarão estabelecendo uma cabeça de ponte no Congresso para posteriores iniciativas relacionadas com a droga. Seria bom cortar o mal pela raiz através da identificação dos vendedores e compradores agora genericamente denunciados.
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