O QUE ACONTECERIA? NADA - Há um problema de aceleração inflacionária, mas qual é sua magnitude? Tanto nos cenários do BC quanto nos do mercado, a economia brasileira, depois de correr acima dos 7% em 2010, algo que não se via há duas décadas e meia, reduzirá seu ritmo para 4,5%. Na projeção do BC, a expansão da indústria de transformação cai pela metade em 2011 (de 10,2% para 5,4%), o setor de serviços cresce 4,2%, ante os 5,4% de 2010 e a agropecuária avança apenas 0,5% ante 7,5% no ano passado. O descompasso entre oferta e demanda, apontado pelo BC, possivelmente deixará de existir. O BC projeta um recuo de 2 pontos percentuais no consumo das famílias, para 4,8%, e 1,5 ponto percentual no consumo do governo, para 2,4%. O BC poderia, por outro lado, não perseguir o centro da meta nem elevar os juros agora e, nesse caso, pelas projeções da própria autoridade monetária, nada de muito grave ocorreria. Com o juro mantido a 10,75% e o dólar a R$ 1,70, a evolução dos preços ficaria "acima do valor central da meta até o fim de 2011, quando alcança 5,0%, e oscila em torno da meta nos trimestres posteriores, encerrando o último trimestre de 2012 em 4,8%". Não existe a possibilidade, porém, de o BC se isentar de perseguir o centro da meta, no sistema brasileiro, da mesma forma que ele tem de obter seus resultados dentro do calendário gregoriano e não em prazos mais longos. Em suma, as chances de o teto da meta ser ultrapassado ou criar-se um ambiente de descontrole inflacionário é, até agora, remoto. (Valor;21/01) (Carta Maior, 6º feira, 21/01/2011)
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