terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A INTERNET JÁ DISPUTA COM A TELEVISÃO

Por Pedro de Oliveira, do Vermelho

Gradualmente a internet vai se equiparando à televisão como a principal fonte de informação nacional e internacional do público norte-americano. Em uma pesquisa conduzida pela empresa especializada PEW Research Center for the People and the Press – realizada de 1 a 5 de dezembro do ano passado, com 1 500 pessoas - cerca de 41% dos pesquisados declaram ser a internet a fonte primária de noticias nacionais e internacionais, o que em relação ao ano de 2007 significava apenas em 17%.
A televisão continua sendo ainda a referência principal de noticias para 66% dos norte-americanos, índice que por sua vez significava 74% há três anos e 82% em 2002. Esta mesma pesquisa constatou que a maioria das pessoas busca informações sobre notícias mais pela Internet do que pelos jornais impressos como sua principal fonte de referência.
Este dado mostra a continua curva de crescimento da internet e a queda constante da leitura de jornais: o índice de leitura era de 34% em 2007 e é de apenas 31% atualmente. Já a proporção do índice de ouvintes de notícias pelo rádio manteve-se relativamente estável. Este índice hoje é de 16% dos que procuram notícias nacionais e internacionais.
Pela primeira vez na série histórica desenvolvida pela PEW – que é um instituto independente de pesquisa sobre a mídia – em 2010 a internet superou a televisão como a principal fonte de informações nacionais e internacionais para as pessoas com menos de 30 anos de idade. Desde 2007 o índice de pessoas de 18 a 29 anos que citaram a internet como fonte principal de informações saltou de 34% para 65%, enquanto que no mesmo período o índice de jovens que citaram a televisão como fonte principal diminuiu de 68% para 52%.
A televisão ainda predomina entre os menos escolarizados.
Os estudantes universitários nesta pesquisa afirmam buscar como fonte principal de informações a internet com o índice de 51%, enquanto os que procuram a televisão se situam em 54%. Os de nível secundário se colocam de outra forma: 51% citam a internet como fonte principal e 63%, a televisão. O extrato com educação mais inicial faz um bom contraste com os melhores escolarizados: 29% apenas buscam na internet as fontes principais de informação e a maioria de 75% procura a televisão em primeiro lugar.
No caso da televisão brasileira – num levantamento de outra pesquisa publicada no jornal Folha de S.Paulo em 6/01/2010 -, o SBT perdeu quase 50% do seu público de 2000 até 2010. Ou seja, caiu de 10,4 pontos de média no país para apenas 5,9 pontos, que foi a média do ano passado. A Rede Record cresceu 31% na década passada, pulando de 5,5 pontos para 7,2 pontos como média em 2010. Enquanto a Rede Globo, por sua vez, caiu 8,5% na década. Registrou no ano de 2000 média de 19,9 pontos e 18,2 pontos em 2010.
Ou seja, no ambiente brasileiro também se pode verificar o crescimento das redes mais voltadas para um publico menos escolarizado, enquanto que os programas mais sofisticados vão sendo consumidos cada vez mais pelos canais pagos e pela internet.
O crescimento vertiginoso das redes sociais.
Se é verdade que as pesquisas detectam este gradual crescimento da internet em relação à televisão como fonte primária de informações, no caso das redes sociais o aumento é explosivo: a contagem de tweets aumentou de 5.000 por dia em 2007 para 90.000.000 (noventa milhões) diários em 2010. Somente o Facebook passou de 30 milhões de usuários em 2007 para mais de 500 milhões atualmente.
Exatamente em função deste poder gigantesco que estas redes sociais foram adquirindo nos últimos anos é que o Departamento de Estado dos EUA, já sob direção da candidata derrotada nas primárias para indicação do candidato a presidente pelo Partido Democrata, Hillary Clinton, anunciou em janeiro de 2010 que o governo americano faria um grande investimento para o desenvolvimento de ferramentas desenhadas para reabrir o acesso à internet em países que restringem sua utilização. Este tipo de política teria como alvo impedir que Estados como a República Popular da China impeça websites como o Google, YouTube ou o New York Times atuem como queiram em seu país.
Alguns programas foram criados com este objetivo como o Freegate e o Haystack, mas acabaram não se tornando úteis para o objetivo do imperialismo, transformando-se ao contrário numa ferramenta a mais para impedir que as empresas norte-americanas infiltrassem idéias e conceitos para combater o governo central na China.
De fato, a questão das redes sociais tornou-se um problema de Estado cada vez mais importante para os interesses norte-americanos no mundo. A capa da principal revista de relações internacionais dos EUA – Foreign Affairs – edição de janeiro/fevereiro de 2011, é dedicada ao tema sob o titulo “O poder político da mídia social”.
A tese principal do artigo é que os Estados Unidos perderam a guerra na tentativa de impedir outros países controlarem a rede social de mídia e que deveriam se voltar para “a luta pelas liberdades políticas nestas sociedades de forma geral”, como se isso tivesse sido em algum momento um dos objetivos do imperialismo americano através da história.

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