segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

OLHANDO O SALÁRIO


O tema não poderia ser mais importante. Entretanto, diante de discursos desse tipo, percebo o perigo dos lugares-comuns, sempre de sentido eufemizante, apaziguador, que escamoteiam o conflito social, racial, regional, religioso no Brasil. A crítica com esse viés parece sempre construtiva e amolda-se muito bem nos quadros da política e culturas convencionais. Dessa perspectiva, o mal que se aponta parece um bicho-papão, ou seja, é completamente o outro, alheio ao bem encarnado no crítico, que a ficção para incutir o medo às crianças deve estimular por contraste. Ora, o fascismo estará sempre de direita? Não faltaria falar do que seria o fascismo de esquerda? As causas do fascismo estariam identificadas a mazelas morais (inveja, cobiça etc.)? Aqueles da esquerda não padeceriam dos mesmos males? Nossa sociedade é, sim, violenta. Onde há fome, desemprego, criminalidade, desabrigo, há violência. Ocorre que, se só a elite fosse violenta, nosso País não seria tão violento. A massa popular, que quer o par de tênis da elite, o carro, a roupa, a televisão... por que não imitaria também o comportamento violento, o sentir da violência, ainda mais abrasados pelo ressentimento que a exclusão e a desigualdade alimentam? Chega! Mudemos de assunto para tratar de questão mais amena.

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