Por Carlos Chagas
Vale a máxima que por 25 anos, antes de aposentar-me, transmiti a meus alunos de Ética e de História da Imprensa, na UNB, até referida em seu discurso de posse por uma singular aluna tornada ministra do governo Dilma: “o mundo não está dividido entre mocinhos e bandidos”. Todos nós, em maior ou menor grau, temos as qualidades e os defeitos dos personagens do faroeste, ainda que certas figuras possam caracterizar-se muito mais como bandidos do que como mocinhos.
Feito o preâmbulo, o principal: mais do que necessária, torna-se imprescindível a aprovação do projeto da Comissão da Verdade, em tramitação na Câmara, capaz de permitir a identificação dos agentes do poder público, civis e militares, empenhados em práticas de tortura e de assassinatos, nos anos de chumbo do regime ditatorial. Ainda que a punição tenha se tornado impossível pela Lei de Anistia e até pela prescrição penal, importa que sejam identificados. É necessário pagarem assim o preço do inominável abuso de poder demonstrado naquele período. Em especial se admitirem reconhecer que vinha de cima a permissão para o horror, de preferência com nomes e datas, tanto dos responsáveis maiores quanto das indigitadas vítimas. Aliás, é farta a literatura a respeito, restando saber o que fizeram com parte dos assassinados, como resgate para suas famílias.
Há, no entanto, o reverso da medalha. Por que não identificar quantos se empenharam na guerra suja praticando violências do tipo “justiçamento”, como chamavam. Ou que mataram sentinelas, soldados, seguranças, guardas de bancos, agentes da lei, empresários e sucedâneos? Aqueles que assaltaram, roubaram e pretendiam instaurar uma ditadura igual à que combatiam também precisam ser identificados. É insuficiente atribuir-lhes apenas motivações heróicas e ideais de juventude, mesmo sabendo-se que o lado de lá ganha de goleada em número de atrocidades, ainda mais porque encobertas pelo manto de uma falsa legalidade então vigente.
Claro que, nos dois casos, trata-se de História, por isso mesmo necessitando ser iluminada nos seus mais obscuros desvãos. Vergonha houve para ambas as partes. Se é para ir em frente, e é, que se abram todos os arquivos e todas as memórias.
Há, no entanto, o reverso da medalha. Por que não identificar quantos se empenharam na guerra suja praticando violências do tipo “justiçamento”, como chamavam. Ou que mataram sentinelas, soldados, seguranças, guardas de bancos, agentes da lei, empresários e sucedâneos? Aqueles que assaltaram, roubaram e pretendiam instaurar uma ditadura igual à que combatiam também precisam ser identificados. É insuficiente atribuir-lhes apenas motivações heróicas e ideais de juventude, mesmo sabendo-se que o lado de lá ganha de goleada em número de atrocidades, ainda mais porque encobertas pelo manto de uma falsa legalidade então vigente.
Claro que, nos dois casos, trata-se de História, por isso mesmo necessitando ser iluminada nos seus mais obscuros desvãos. Vergonha houve para ambas as partes. Se é para ir em frente, e é, que se abram todos os arquivos e todas as memórias.
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