Valdo Cruz, Folha de S. Paulo
O PMDB está parecendo aquele menino travesso que apronta das suas e sempre leva a fama de ser o culpado de todas as confusões da rua. É o personagem ideal para quem também comete suas estripulias, mas é mais discreto e trabalha em silêncio.
Longe de mim fazer o papel de advogado do PMDB, mas um olhar mais atento nessa guerra de cargos vai identificar outros personagens que estão passando ilesos.
A começar pelo PT. O partido da presidente Dilma Rousseff se aproveita da má fama peemedebista e vai avançando sobre o território do velho MDB, legenda que ganhou notoriedade na transição da ditadura para o regime democrático e, hoje, se tornou num ajuntamento de interesses regionais.
O fato é que os petistas seguem ocupando espaços no governo federal, com um apetite e desenvoltura ainda maiores do que nos tempos do governo Lula. E, no momento, consegue colar a pecha de fisiológico no PMDB.
A lógica dos petistas é a seguinte. Quando estão substituindo aliados por nomes do partido, estão apenas trocando dirigentes que não deram conta do recado ou tornaram seus órgãos num caos.
Em alguns casos, faz sentido, como o dos Correios. Em outros, nem um pouquinho. Faz parte da tática de ocupação do espaço alheio, guerra de poder. Mas como PMDB apanha com ou sem razão, e todos aplaudem, tudo bem.
O PMDB, pelo histórico, faz por merecer. O PT, porém, está longe de ser o santinho da vez. Apenas posa como tal para se apoderar ainda mais do aparelho estatal.
Enquanto isso, bem longe dos holofotes, outros partidos se aproveitam da guerra entre as duas principais legendas para espetar suas contas na agenda da presidente Dilma Rousseff.
Como os peemedebistas são profissionais do ramo, apanham, reclamam, mas seguem aprontando suas travessuras, Dilma terá ainda muita dor de cabeça pela frente. O jogo está apenas no começo.
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