quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O ETANOL INVADIRÁ OS ESTADOS UNIDOS?

Por Carlos Chagas
A vinda de Barak Obama ao Brasil, em março, faz acender luzes de euforia no palácio do Planalto mas gera cones de sombra na Petrobrás. Porque o presidente dos Estados Unidos,  se não mudar de idéia, deverá propor monumental exportação do nosso etanol para o seu país.
Pretende, de início em cinco estados americanos, adicionar etanol  à gasolina   e ver se seus patrícios aceitam a mistura. Dando certo a operação, importará tudo o que pudermos produzir, até levantando certas barreiras alfandegárias  hoje existentes por lá.
Claro que Obama exigirá compensações, a maior delas que as montadoras americanas instaladas em nosso território venham a ser aquinhoadas  com facilidades, benefícios e incentivos  maiores do que os já existentes, de forma a triplicarem  sua produção de veículos, para grande exportação.  A azeitona na empada será o aumento de empregos no Brasil. É possível que a pimenta envolva a compra dos caças F-18.
A superprodução de etanol fará a alegria dos usineiros,   mas já começa a ser vista de soslaio pela Petrobrás, interessada em concentrar os esforços nacionais no pré-sal e temerosa de que o governo possa entregar  toda  a   energia não poluente à  Eletrobrás.
De qualquer forma, é bom não contar com o ovo enquanto na barriga da galinha. O cartel internacional do petróleo é poderoso e não quer ouvir falar do ingresso maciço do etanol no seu quintal.
TERCEIRIZAÇÕES EXAGERADAS.
Pode ser  que o governo volte suas atenções para o exagero das terceirizações, que se eliminaram encargos trabalhistas  na administração direta e nas empresas estatais, vem servindo para penalizar trabalhadores de todas as categorias, além de enriquecer  ilicitamente grupos e pessoas empenhadas em tirar  tudo do governo e repassar muito pouco para os contratados. Essa observação vale para as mais variadas atividades, desde serviços de limpeza e de segurança em órgãos públicos à prestação de serviços de imprensa e construção de imagem em ministérios.  Até a Polícia Federal vale-se desse expediente:  nos aeroportos e repartições de contato com o público, trabalham funcionários terceirizados,  sem garantia de emprego e mal   remunerados.  O exagero também atinge, e muito, os poderes Legislativo e Judiciário, tendo se espalhado pelos estados e municípios. Continuando as coisas como vão, logo pensarão em terceirizar as forças armadas.
FALTA UM PROJETO ESTRATÉGICO.
A menos que o ministro Moreira Franco se encontre  trabalhando em silêncio, falta ao governo Dilma Rousseff um projeto  estratégico.  Para onde vamos? Que metas e objetivos essenciais estão sendo traçados, além da extinção da pobreza absoluta e da miséria? Qual nosso papel no continente e no mundo desenvolvido a que aspiramos? O poder nacional, onde anda?
No governo Lula a tarefa foi entregue a  Mangabeira Unger, que começou a trabalhar nesse sentido mas estranhamente demitiu-se antes de completar um ano no cargo de ministro  de Assuntos Estratégicos. Talvez tenha reagido à superposição de tarefas.
TODOS  NA ENCOLHA.
Pela primeira vez em muitas décadas e variados governos, deixamos de assistir ministros batendo cabeça e disputando no tapa as atenções da mídia e da opinião pública. Andam todos na encolha, preferindo ocultar-se e deixando de divulgar planos, projetos e realizações. É de supor-se que se encontrem trabalhando e produzindo, mas estranhamente escondem-se no fundo de seus gabinetes. Não deve ser por  descaso da mídia, sempre ávida por   notícias. Pelo jeito, o ministério anda temeroso  de desagradar e por isso não agrada. Some.
Para decifrar o enigma,  há uma chave com nome próprio. Chama-se Dilma Rousseff. A turma tem medo dela, que em poucos dias de governo desautorizou Guido Mantega, o general José Elito Siqueira, Mirian Belquior, Fernando Haddad  e Nelson Jobim.
De lá para cá, nem eles nem ninguém mais abre  a boca.

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