quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O GLOBO: OS POBRES PODEM ESPERAR
 "...a presidente Dilma Rousseff fixou como meta prioritária do governo acabar com a miséria, estimada em 5% da população. Estudo do Ministério do Desenvolvimento Social calcula em R$ 6 bilhões por ano os recursos adicionais destinados ao Bolsa Família a fim de cortar este índice para 2%. Se a injeção de dinheiro novo chegar a R$10 bilhões, a faixa de pobreza absoluta minguará para 1%; e a miséria será, enfim, eliminada caso o orçamento anual do Bolsa Família dobre para R$ 28 bilhões. O ponto-chave a debater é a oportunidade da aceleração dos gastos com o Bolsa Família, por mais justificável que seja a extirpação da miséria. Se de um lado há sólidos argumentos nos planos ético, social e político a favor deste ataque final à pobreza extrema, de outro existem não menos concretos constrangimentos macroeconômicos, de origem fiscal. Imaginar que, nesta conjuntura, se pode ampliar o Bolsa Família, até mesmo duplicá-lo, é ir na contramão da realidade. O melhor a fazer é abrir, de uma vez por todas, as tais "portas de saída" do Bolsa Família, ações educacionais e de treinamento para que beneficiários do programa possam entrar no mercado de trabalho e se emancipar da tutela do Estado. Mesmo que houvesse abundância de recursos, este seria o melhor caminho. " (trechos, Globo, 16/02)
EM TEMPO: escapou ao editorialista dos Marinhos examinar outros valores  robustos que pressionam o gasto público, competindo  diretamente com a meta da Presidenta Dilma Rousseff de erradicar a miséria  até o final de seu mandato. Recuerdos: a)  a dívida pública brasileira é da ordem de R$ 1,5 trilhão; b) o pagamento de juros sobre esse montante custa cerca de R$ 190 bilhões ao ano aos cofres púbicos -leia-se, de cerca de R$ 800 bi em arrecadação fiscal líquida,  o Estado transfere quase ¼ aos rentistas, um custo que o Globo omite em suas reflexões prudenciais. Cada ponto percentual de elevação da taxa de juros representa um gasto adicional de R$ 15 bilhões ao ano. Portanto, mais que o total dispendido com os pobres do Bolsa Família. Os dois pontos de alta da Selic previstos para este ano --requeridos, seria uma expressão mais apropriada para externar a sofreguidão dos 'mercados' e da mídia--  somam gastos suficientes para erradicar a miséria prometida pelo novo governo. (Carta Maior, 4º feira, 16/02/2011)

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