1º DE MAIO: A GÊNESE DO PELEGUISMO - "Cada patrão
mandou dez funcionários para cá. A gente tem que ficar até o fim [do evento] e
levar o comprovante de que veio, para não descontar o dia de trabalho". A
confidência foi feita por um dos participantes do primeiro congresso do
"núcleo sindical" do PSDB, realizado em São Paulo , na última
sexta-feira, conforme relato da Folha (27-04). Uma espécie de avant-première do
1º de Maio, o encontro liberou caciques tucanos para o feriadão prolongado com
a consciência do dever cumprido. A lotação proletária foi assegurada pelo
engajamento natural das bases: donos de construtoras e empreiteiras que prestam
serviços ao Estado convocaram seus trabalhadores à luta, com direito a
sanduíche de queijo, suco, biscoito e maçã. Mediante comprovante de
comparecimento, a militância teria
o dia abonado trocando o saco de
cimento pela faiscante oratória tucana. Cada empresa foi convocada a encaminhar
pelos menos dez operários ao meeting.
Serra nem gaguejou ao afirmar aos presentes que a relação do PSDB com
sindicatos 'não é novidade'; em seguida, pediu apoio à candidatura a prefeito
de SP. "Temos nossa primeira tarefa: mobilizar nossos sindicalistas para a
campanha eleitoral deste ano", disse o ex-governador com indisfarçável mal
humor diante do rival Aécio Neves (leia mais aqui: 'Por que Serra está nervoso?'). Alckmin foi de longe o mais
combativo; sapecou um 'companheiros e
companheiras' na saudação e arrematou com a frase cuja autenticidade sintetiza
a de todo o evento: "O PSDB é um partido que dá prevalência ao trabalho
sobre o capital". (Carta Maior; Sábado 28/04/2012).
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