Por Carlos Chagas
É sempre bom lembrar mestre Gilberto Freire, para quem o Brasil era o país das impossibilidades possíveis. Qualquer dia, ele completava, o Carnaval cairia na sexta-feira santa.
Semana passada assistimos as imagens do governador e do ex-governador do Amapá chegarem a Brasília presos e algemados pela Polícia Federal, na Operação Mãos Limpas, acusados de tráfico de influência, formação de quadrilha, extorsão e outros crimes.
Pois bem. Ontem, libertados, Pedro Paulo Dias e Waldez Góes apareceram nas telinhas desembarcando em Macapá, desfilando em carreata, aplaudidos delirantemente por mais de 5 mil pessoas. Um reassumiu o governo local, outro sua candidatura ao Senado.
De duas, uma: ou os referidos políticos sofreram inominável perseguição ou as instituições democráticas encontram-se em frangalhos. Não dá para compor ou sequer explicar as duas situações. Se houve precipitação por parte da Polícia Federal, importa responsabilizar os artífices da demolição da honra alheia. Caso contrário, o lugar do governador e do ex-governador continua sendo a cadeia.
Dirão alguns inocentes que o Amapá fica muito longe, devendo o episódio dar-se por encerrado. Ledo engano, do qual não se livra sequer o governo federal. A obrigação do poder central seria decretar a intervenção naquele estado ou demitir a cúpula da Polícia Federal. Nem uma coisa nem outra aconteceram. Fica tudo como está, uma demonstração a mais do longo caminho a percorrer até a consolidação democrática.
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