Loco Abreu, minutos depois de empatar um jogo praticamente perdido: “Tem raça, tem culhão. Isso é time grande”.
Já tivemos vários empates que ficaram com gosto de derrota atravessada na garganta, mas ontem foi diferente, graças à raça de alguns, a igualdade teve sabor de vitória.
Falando friamente com o olho na tabela, o resultado foi ruim. Pois Corinthians e Cruzeiro venceram, como o surpreendente Atlético-PR, justamente o nosso próximo adversário, que vai chegar embaladíssimo. Agora, o sonho do título está cada vez mais distante, ainda mais com as contusões dos jogadores que realmente fazem a diferença – depois de Marcelo Mattos e Jobson, agora perdemos Maicosuel. Mesmo a vaga na Libertadores, com a indecente mudança no regulamento no meio da competição, ficou mais complicada.
Só que os que acompanharam a partida de ontem sabem que, por muito pouco, escapamos de uma nova goleada vexatória. Se o Vasco faz mais um ainda no primeiro tempo (e eles tiveram ao menos duas chances claríssimas), infelizmente acho que veríamos mais camisas alvinegras queimadas no Engenhão.
Porque o Botafogo não fazia um primeiro tempo tão desastroso, tão desorganizado, tão apático, tão vulnerável desde… a Taça Guanabara, justamente contra o Vasco.
Bastou PC Gusmão adiantar a marcação que os zagueiros e os volantes (Fahel e Leandro Guerreiro, duas negações no combate) ficaram batendo cabeça, absolutamente perdidos.
Pensando bem, desde a ausência do Marcelo Mattos e deslocamento do Somália para a lateral esquerda, os adversários conseguem alugar a intermediária sem dificuldades, brincando de tiro ao alvo com o Jefferson. Pois Fahel não marca e Leandro Guerreiro fica só a distância, observando tudo, quando um dos dois deveria dar o primeiro combate – nesse sentido, o gol do Eder Luiz foi bem parecido com o do Montillo. Desde que passamos a entrar com esses dois na função de volantes, tomamos oito gols: uma derrota e dois empates, nada de vitória. Por sorte, ontem o centro-avante deles era Rafael Coelho, não o Dodô. Aí a goleada ficou mais distante.
Mas, pra piorar do nosso lado, o Cajá encarnou o Lucio Flavio e estava omisso, invisível. E o ataque teve grande parte de sua capacidade de criação reduzida após a contusão do Maicosuel – aliás, tudo me leva a crer que o Mago foi vítima do péssimo estado do gramado, pisou em falso na hora da conclusão e saiu chorando de campo, de tanta dor. É o Botafogo, literalmente, jogando contra o seu mais valioso patrimônio.
E o que o Joel fez diante desse quadro desolador? Adivinhem: primeiro, Caio, no lugar de Antonio Carlos (!!!!), abrindo ainda mais espaços para os vascaínos; depois, colocou Herrera e, por fim, Edno.
Que surpresa, hein? Claro que as alterações não surtiram efeito e, vamos reconhecer, acabamos achando um gol graças à falha do Fernando Prass e à inteligência do Herrera na hora de concluir o lance, 2 x 1, o time começa enfim a se encontrar em campo… e o Herrera é expulso.
Aí, meu rei, só na base da vontade, mesmo, e foi assim, graças apenas à raça e aos cojones do Loco, que o Grlorioso arrancou o empate nos acréscimos.
Vejam a importância da presença do Abreu nessa reta final da partida: foi por causa dele que o Titi se apavorou e pôs a mão na bola, foi ele que pegou a bola e bateu o pênalti com categoria, foi também ele que vibrou como a gente queria ver o Fogão vibrar.
A verdade, é que o Loco se agiganta nos momentos decisivos das partidas mais difíceis. Sua garra arrebata a torcida; sua frieza é extremamente útil dentro de campo. Essas duas características não fazem um craque, mas fazem um ídolo. E é isso que o uruguaio tem conseguido nessa temporada. Ser um herói a cada jogo, ganhar batalhas perdidas por conta da dedicação exemplar.
Sobre as ausências, vamos esperar baixar a poeira pra ver quanto tempo o Maic ficará de fora – logo agora que o Jobson vai voltar!
E, por enquanto, vamos reconhecer que, por conta das limitações do elenco, não há muito com o que sonhar. Mas há ao menos que se comemorar, a cada jogo, algumas atuações dignas da camisa alvinegra que entra em campo. Como foi a do Loco ontem a noite.
Ah, mesmo sabendo que o uruguaio não joga domingo, se eu morasse no Rio estaria no Engenhão no domingo. Com a camisa celeste alvinegra.
Juro que me esforço, mas não consigo entender os motivos dos aplausos para o Herrera depois de ser expulso infantilmente, no momento e que o Botafogo tinha, enfim, entrado no jogo, graças a um gol de rara inteligência dele mesmo, o argentino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário