Por Rosana Hermann, do Blog Querido Leitor.
A função de uma manchete é chamar a atenção. Sempre foi assim e não é o 'meio online' que vai mudar esse fato. No jornalismo impresso a manchete tem a função de fazer a pessoa comprar a publicação e no online, de clicar na notícia. Audiência, métricas, vendagem, cliques, esses são os sinônimos do 'nome do jogo'.
Uma coisa pode ser boa e fazer sucesso, pode ser ruim e fazer sucesso, pode ser verdadeira e fazer sucesso, por ser falsa e fazer sucesso. Todas, repito, todas as combinações são possíveis, da mesma forma que, na vida, coisas ruins acontecem para pessoas boas e coisas boas acontecem para pessoas ruins. Sim, querido leitor, a vida não é justa e não é verdade que tudo vai dar certo se você bonzinho e que tudo de ruim vai acontecer para quem foi muito mau. Existem todas as combinações possíveis e ser bom, ser generoso, fazer coisas legais é uma opção de vida. Cada um faz o que quer, pode, deve e depois colhe as consequências.
Digo tudo isso nestes dois parágrafos introdutórios porque hoje li uma coluna do Estadão, de ontem, assinada por Alexandre Matias, que tem como título "O ÚLTIMO ANO DO TWITTER? O PASSARINHO AZUL SUBIU NO TELHADO." Particularmente, conheço essa técnica de fazer um título com uma pergunta. É quando você não quer assumir o ônus de fazer uma afirmação e usa o ponto de interrogação como álibi. Você acha que vai acontecer, mas não tem certeza. Então, em vez de escrever a sua opinião, como 'o último ano do Twitter', o jornalista opta por perguntar 'o último ano do Twitter?'. Assim, se o Twitter acabar ele disse primeiro e, se não acabar, ele não afirmou. Alexandre, você é fogo!
Sou totalmente contrária à afirmação que ele faz em 'A crise política no Egito também ajudou o Twitter a ganhar uma sobrevida e pareceu repetir o feito de 2009, quando o site foi crucial nas eleições presidenciais do Irã.' Ganhar uma sobrevida? Desculpe, mas nunca vi uma empresa que está morrendo, agonizando, ser avaliada em 10 bilhões de dólares, mesmo que os rumores de compra pelo Google sejam apenas, bem, rumores.Sobrevida é aquela extensão de prazo de quem está à beira da morte. E, que eu saiba, o Twitter não está morrendo. Não vejo nenhum 'sinal'.
Minha opinião e, veja bem, é apenas uma opinião, é que o Alexandre estava com vontade de polemizar pra conseguir hits. Conseguiu. Todo mundo leu a matéria que teve milhares de cliques e retweets. E outra coisa. Antes que a turma do #QueremosSangue já invente uma briga entre Alexandre e eu, vou dizer que concordo que é possível que uma nova bolha na Internet esteja em formação. Também achei superavaliado o valor do Huffington Post. Mas, quem sou eu para calcular o quanto vale o show, o site, o blog ou whatever" Agora, dizer que 'o passarinho azul subiu no telhado', que o 'Twitter ganhou uma sobrevida', citar um humorista pra provar seu ponto e dizer que o 'Irã salvou ou Twitter', que 'o principal aviso de que, provavelmente, o passarinho do Twitter pode estar com seus dias contados veio na quinta-feira da semana passada', não faz o menor sentido pra mim. Juro que fiquei procurando um #brinks no final da coluna. Ou um 'Ha! Pegadinha do Alexandre!'
Só posso pensar que o Alexandre estava em busca de cliques mesmo, o que faz todo sentido pra mim. Porque escrever que o Twitter 'dá sinais que pode ser o último ano da rede social do passarinho azul', mesmo com o benefício da dúvida 'Ou pelo menos como a conhecemos' me parece que é só uma longa tuitada, uma coisa pensada em voz alta, quase uma conjectura com os próprios botões.
Não sei que sinais são esses que 'poderiam' indicar que 2011 seja 'o último Ano do Twitter'.
A menos, é claro, que Alexandre tenha fontes seguras que provem que o mundo vai mesmo acabar em 2012.
A menos, é claro, que Alexandre tenha fontes seguras que provem que o mundo vai mesmo acabar em 2012.
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