BLOG DOLADODELÁ - Que tem liberdade tem tudo.
Domingo à noite, chego em casa e a Alexandra está no computador. A TV está ligada na transmissão do Carnaval. A Escola acaba de cruzar a avenida. O desfile foi ok, no tempo. Aí começa o giro de repórteres mostrando o destaque, o carro que quase não saiu, aquela coisa toda que se repete todo ano. A animadora, no pequeno auditório, improvisa como pode. Apresenta dados, estatísticas, palavra do telespectador, tudo num telão interativo. Em certo momento decide chamar o repórter Francisco José de Brito, um dos mais consagrados da televisão brasileira. Chico faz parte da história da TV e povoa o imaginário coletivo da nação. É uma espécie de patrimônio da família brasileira. É como se um primo que mora distante trouxesse a notícia. Ele está em pé num praticável no centro do Recife. No palco, o maestro Francisco Amâncio da Silva, o Maestro Forró, organizador e líder da Orquestra Popular da Bomba do Hemetério (OPBH). Seu mérito é não trabalhar exclusivamente com o Forró. Seu repertório eclético e performático eleva a folia ao status de arte. Só como curiosidade, a Bomba do Hemetério fica no bairro Água Fria, zona norte do Recife. É um sistema manual de retirada de água que seu Hemetério distribuía para a vizinhança.
Bom, voltando à transmissão, lá está o repórter. Ele faz uma abertura de vinte segundos e em seguida dá "a deixa" para a banda tocar. Mal a banda começa, alguém avisa no ponto eletrônico que é para o repórter "devolver". Chico José, obediente, diz: - Voltamos com fulana de tal.
No dia seguinte encontro Marianne Brito, filha de Chico, e digo: - Que feio, chamaram o Chico e quando a banda iria começar a tocar voltaram para o estúdio.
Depois fiquei pensando no episódio, que é um retrato da ditadura cultural que o Sul Maravilha impõe aos outros estados.
Quem disse que Carnaval é só na Marquês de Sapucai?
Com a palavra os brasileiros que já estão de saco cheio dessa exclusão.
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