quarta-feira, 9 de março de 2011

TUCANO, À DIREITA DE DEUS-PAI

O sistema de metas de inflação, em que os juros servem apenas para assegurar a estabilidade de preços ainda que isso acarrete recessão, como tem ocorrido no Brasil, foi colocado em xeque pelo economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, em seminário em Washington. "Os bancos centrais devem ter outros objetivos explícitos além do controle da inflação, como a estabilidade financeira e metas relacionadas a taxas de câmbio", defendeu Blanchard cujas palavras poderiam soar como um puxão de orelhas na trajetória ortodoxa do BC brasileiro."Teremos que pensar numa política monetária tendo várias metas, duas ou três. Da mesma forma, os instrumentos são múltiplos, incluindo regulação e intervenções no câmbio (leia-se, controle de capitais); "...no caso dos países emergentes", reiterou, "também deve haver uma meta relacionada à taxa de câmbio, suavizando movimentos (ingresso de capitais especulativos, por exemplo) . "A inflação é o mais importante', retrucou Armínio Fraga, ex-presidente do BC de Fernando Henrique Cardoso, um dos convidados do debate. Ex-funcionário do fundo especulativo de George Soros, tido como um dos formuladores' do tucanato, com simpatizantes dentro do atual governo petista, Armínio assumiu a defesa da ortodoxia no encontro:  "Espero que não percamos o foco nisso", reclamou, posicionando-se à direita do seu próprio Deus-pai. Presente também no seminário, Joseph Stiglitz, ex-FMI e hoje um crítico do organismo, deu um puxão de orelhas no tucano: "Certamente, controles de capitais, se feitos de forma apropriada, podem levar a mais crescimento e estabilidade", fuzilou Stiglitz. (Carta Maior; 4º feira, 09/03/2011)

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