Por Carlos Chagas
Pelo menos mil dos 5.590 prefeitos de todo o país estarão hoje em Brasília, de chapéu na mão, para mais um apelo ao governo federal. Estão, com raras exceções, com a corda no pescoço, especialmente os do PT e do PMDB, aqueles que ostensivamente apóiam a presidente Dilma Rousseff. Dentro de poucos meses abrir-se-á em seus municípios a temporada para as eleições do ano que vem e, pelas informações de que os prefeitos dispõem, as coisas vão mal. Os alcaides andam na baixa, em termos de popularidade. Pouco puderam fazer, desde que empossados, para cumprir suas promessas de campanha, prevendo-se sensíveis derrotas tanto para os candidatos à reeleição quanto para os dispostos a fazer o sucessor. Ainda haverá tempo para virarem o jogo, desde que ajudados financeiramente pelo poder central. Os oposicionistas pegarão carona no lamento dos governistas, daí a idéia da Marcha Sobre Brasília. Estão atentos aos rumores de que o palácio do Planalto lançará nova campanha social, desta vez “Água para Todos”, iniciativa capaz de beneficiá-los, já que as obras ficarão a cargo dos municípios, desde que irrigados com recursos federais.
Dizia o dr. Ulysses que ninguém mora na União nem nos estados. O cidadão mora no município, para onde volta suas necessidades e suas críticas. À exceção das grandes capitais, conhece o prefeito, é vizinho dele e recebeu de viva voz apelos para elege-lo. Por isso, detém a prerrogativa da cobrança direta. Pela lógica, os prefeitos dependem dos governadores, mas faz séculos que fora alguns privilegiados, a maioria não recebe as atenções devidas. Assim, de quando em quando, eles decidem queimar etapas, dirigindo-se diretamente ao presidente da República.
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