A TRANSFUSÃO DE RENDA AOS CREDORES - A Grécia fechou acordo com o FMI para endurecer as medidas de arrocho fiscal acordadas anteriormente com a Comissão européia, que incluíam cortes de investimentos em serviços essenciais, privatizações e arrocho salarial. Após moção de confiança obtido no Parlamento, na terça-feira, por margem apertada de 155 votos contra 143, o governo Papandreu não desperdiçou seu estreito corredor de legitimidade. Antes que as ruas se manifestem e o desautorizem, fechou acordo com o FMI nesta 5º feira, em Bruxelas, para levar a economia ao porão do abismo recessivo. Entre as concessões adicionais, figuram um imposto extra sobre combustíveis e calefação que atinge todos os contribuintes e a redução da faixa de renda isenta de tributação, de modo a arrebanhar mais contribuintes ao fisco. Significa que o Estado grego e os credores decidiram extrair diretamente da população, como se fosse um confisco de guerra imposto pelos vencedores aos derrotados, os recursos para honrar débitos impagáveis e compromissos leoninos contraídos junto a bancos internacionais --sobretudo alemães e franceses-- nos últimos anos. A Grécia tem tradição de complacência fiscal com a sua elite, que viveu numa espécie de Olimpo dos sonegadores durante a ditadura dos coronéis, entre 1967/74. Com a democratização, a esquerda preferiu a linha de menor resistência do endividamento externo, a submeter a plutocracia ao regime de justiça fiscal. O que Papandreu faz agora é descarregar sobre as costas do conjunto da população, inclusive os mais pobres, o ônus desse saldo histórico de ladroagem fiscal e covardia política. O arrocho combinado com o FMI terá quer aprovado pelo Parlamento na próxima semana. Uma greve geral está marcada para os dias 27 e 28. (Carta Maior; 6º feira,24/06/ 2011)
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