sexta-feira, 8 de julho de 2011

VITÓRIA NO SEGUNDO TEMPO

Por Carlos Chagas
Não poderia ser diferente, sob pena de desmoralização  para o governo da presidente Dilma Rousseff:  Alfredo Nascimento pediu demissão do ministério dos Transportes na tarde de ontem, alternativa para não ser demitido. O desfecho custou um pouco, tendo em vista estar o já agora ex-ministro em situação irremediavelmente perdida a partir da decisão da presidente, domingo, de afastar as  quatro  principais figuras do ministério, por corrupção. Na segunda-feira Dilma resolveu dar  uma última chance ao ministro,  que dizia desconhecer totalmente a lambança, mas estabeleceu uma premissa: se novas acusações surgissem, ele estaria fora do governo. Como surgiram, com a denúncia de que uma empresa do  filho de Nascimento avaliada em 60 mil  reais aumentara seu patrimônio em 52 milhões de reais, não teve mais jeito. Ninguém acreditaria que o pai também desconhecesse aqueles negócios mirabolantes e escusos.
Algumas  duvidas abrem-se a partir da demissão: a primeira, sobre quem Dilma Rousseff escolherá em definitivo para o ministério dos Transportes.  Dificilmente alguém do Partido da República,  envolvido até o  pescoço na corrupção, através de seu presidente de honra,  o deputado Waldemar da Costa Neto. Ele até  despachava no ministério dos Transportes,  sem ser seu funcionário, estabelecendo percentuais de superfaturamento de obras públicas, exigindo das empreiteiras propinas   de até 5%.    Mesmo necessitando do voto dos 40  deputados e 5 senadores do PR, dificilmente a presidente poderia deixar o ministério à sua disposição.
Indaga-se, também, a respeito do  futuro  dos funcionários afastados, desde o diretor-geral   do Dnit ao presidente  da Valec, do chefe  de gabinete do ministro ao responsável pelos pagamentos na pasta. E quanto ao próprio   Alfredo Nascimento, mesmo retornando ao Senado e dispondo de imunidades, se ficar comprovada sua participação nas maracutaias?
E quanto às empreiteiras que distribuíam propina e participavam do superfaturamento da obras, serão declaradas inidôneas, proibidas de trabalhar  com o governo?
De qualquer forma, Dilma Rousseff venceu a partida, ainda que no segundo tempo, talvez nos últimos minutos,  porque se a novela da demissão   demorasse mais, não haveria final feliz para ninguém.Resta saber o comportamento  do PT e do PMDB, ambos de olho num dos   ministérios que maiores verbas possui.  Se a presidente abrir alguma brecha para eles, mais dores de cabeça terá.
SÃO JOÃO NÃO ERA EMPREGADO PÚBLICO
Salta aos olhos a contradição de haver o ministério do Turismo destinado 22 milhões de reais para financiar as festas de São João em diversos estados. Essas comemorações são populares e privadas. Nenhuma relação possuem com o serviço público. Ou não deveriam possuir. Às comunidades caberia organizá-las, sem recursos do governo para acender fogueiras, armar barraquinhas ou contratar bandas e cantores. A moda pegou desde que proliferaram as ONGs, organizações não governamentais que mamam nas tetas do erário.
MAIS UM ABSURDOSe não tiver prevalecido o bom senso, a greve dos servidores da saúde do Distrito Federal irá recrudescer a partir de hoje. Até os serviços de emergência dos hospitais públicos e dos postos de saúde vão parar.  Quer dizer, quem for atropelado, esfaqueado ou sofrer um súbito ataque de coração já fica sabendo da falta de atendimento. Como os planos de saúde vão de mal a pior, até aqueles que podem pagar devem tomar cuidado.
LIÇÕES DE PLATÃO E DE ARISTÓTELES
Mil laços ligavam Aristóteles a Platão, a começar por este ter sido mestre daquele, apesar de divergências filosóficas e científicas. Ambos fundaram escolas de saber, a Academia, um, e  o Liceu, outro.   Pois nos dois centros de estudo prevalecia a máxima de que se os  alunos não conseguiam captar as lições dos professores, o erro e a culpa seriam de quem ensinava mal,  não de quem deveria aprender.  Alguma coisa estava  errada na arte de ensinar.
Coisa parecida parece estar acontecendo nos exames elaborados pela Ordem dos Advogados do Brasil, obrigatórios para o exercício da profissão? A cada ano que passa aumenta o índice das reprovações, chegando agora a 95%. Não seria o caso de indagar se a responsabilidade não é das questões   mal formuladas ou maliciosamente apresentadas?

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