segunda-feira, 23 de abril de 2012

ACEITA, NÃO AMADA


Por Carlos Chagas.
O importante na pesquisa divulgada ontem pelo Data-folha é que o Lula tem 57% das preferências populares para ser o candidato presidencial em 2014 e Dilma, 32%. Para complicar,   ela dispõe de mais popularidade do que ele, no primeiro ano e três meses dos mandatos dos dois.
O ex-presidente tem repetido que não será candidato, nem em 2014 nem em 2018 ou 2022, enfatizando que a vez pertence a  Dilma.   
A sucessora, por enquanto, não abriu a boca para dizer se pretende a reeleição.
Quem fica em dificuldades com esses números é o PT, que maciçamente apoiaria o Lula, se ele aceitasse concorrer, mas jamais negará  a candidatura a Dilma, se for  ela a disputar.  Mesmo assim, pela primeira vez,  ambos foram colocados em confronto. 
Ainda ontem o Lula apressou-se pela milésima vez em afirmar que não é nem será candidato. 
Só que a pesquisa revelou o que vai no recôndito da maioria dos companheiros: gostariam que ele fosse, sentimento oculto a demonstrar o oposto, ou seja, que ela não fosse. 
A conclusão é de que a atual presidente pode ser  aceita pelo partido, constituindo-se até na solução possível, mas amada, nem pensar.
SEMANA QUENTE.
Dados os últimos retoques no fim de semana e hoje, instala-se amanhã a CPI mista do Cachoeira, com o senador Vital do Rego na presidência e, é quase certo, o deputado Paulo Teixeira como relator.
Tudo se concentra no depoimento do próprio, ou seja, do Cachoeira. A Justiça Federal não criará empecilhos para ele comparecer, agora que se encontra a quinze minutos de carro do prédio do Congresso. O advogado Márcio Thomas Bastos tem certeza de que protelar a oitiva de nada adiantará.  A dúvida é saber se o bicheiro se mostrará disposto a repetir mais do que a sua inocência. Nem por milagre reconhecerá ligações espúrias com políticos, governantes e empresários, mas se confirmar encontros,  doações e interferências, deixará muita gente mal. Seu depoimento será comparado ao relatório da Polícia Federal sobre a Operação Monte Carlo, podendo servir  para o alinhamento de discrepâncias e contradições.  Se possível, a convocação de Cachoeira será pedida na quarta-feira, quando começarem os trabalhos, esperando-se seu comparecimento nas próximas duas semanas.

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