CARLOS HEITOR CONY.
Garantem que o futuro a Deus pertence. É o caso de se perguntar a quem pertence o presente. Passado, bem, o passado passou e não pertenceu nem a Deus nem ao Diabo, mas a todos: Deus, Diabo e aqueles que nos antecederam na faina do viver.
Mas fiquemos no presente, que nos interessa mais de perto. Que tudo podia estar pior, podia. Além dos terremotos, guerras, enchentes, atentados e desgraças individuais, sempre sobra alguma coisa no planeta e na vida de muitos que tocam o barco para frente.
Para os crentes das diversas religiões, Deus é todo-poderoso, justo e misericordioso. Seus desígnios governam o mundo e a vida de cada um. Não cai um fio de nosso cabelo sem a sua anuência, mas os carecas sempre existiram e deverão existir.
Já o Diabo é o Pai-das-Trevas, o Maligno, o Coisa-Ruim, segundo Guimarães Rosa, um entendido na matéria.
Qual dos dois pode ser responsabilizado pelos nossos abrolhos pessoais e coletivos? A Deus se pode invocar, apelando para a sua misericórdia e justiça. Ao Diabo muita gente também invoca, mas ao demônio ninguém precisa invocar, embora muita gente o faça em proveito próprio, para atrapalhar o caminho dos desafetos.
A longo prazo, acredita-se na vitória de Deus, talvez no jogo em si, talvez na prorrogação, talvez na decisão por pênaltis. O fato é que, na altura do campeonato em que estamos, a coisa está mais para o empate.
É bem verdade que vem eleição por aí. Todos os candidatos garantem que estão a favor de Deus, mas há muito perna de pau em campo, e só no apito final ficaremos sabendo quem venceu.
Independentemente do resultado, nem adianta torcer por um ou por outro. Se o futuro pertence realmente a Deus, certamente o Diabo domina o presente, para maior emoção da partida.
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