Mario Garnero *, Jornal do Brasil
Falar de Juscelino Kubitschek pode parecer algo corriqueiro, sem muito mais o que dizer. Mas, para mim, é mais do que um prazer, é algo que faria pelo resto da minha vida. Ele não foi somente um dos presidentes do Brasil. JK foi o melhor presidente que o país já teve.
Tudo começou quando Juscelino, ainda menino, queria ser um dos melhores da sua sala, no colégio. Responsável, vaidoso e inteligente, é assim que seus companheiros do primário o caracterizavam. No início do século 20, JK, ou Nonô, como era mais conhecido, fazia questão de estar entre os primeiros.
No seminário, JK tomou gostou maior ainda pela leitura. Foi aí que começaram os sonhos de chegar à Faculdade de Medicina. Principalmente pela influência que recebera do doutor Álvaro Mata Machado, médico e ex-senador na Constituinte Mineira. Doutor Álvaro encorajou Juscelino ao dizer que o Brasil só cresceria como um país de verdade se estivesse nas mãos de um médico. Mal sabia que um dia o pequeno Nonô viria a se tornar um dos maiores presidentes que o Brasil já teve.
Depois do seu primeiro emprego formal, como telegrafista em Belo Horizonte, e da Faculdade de Medicina – que pagou com muito esforço e trabalho árduo durante as madrugadas mineiras, digitando o código Morse – até atingir o maior posto na nação, a ascensão de JK foi digna de cinema.
Tudo que JK fazia era realizado com atenção, disciplina e dedicação. Seja como prefeito de Belo Horizonte,
governador de Minas Gerais, ou presidente, JK sempre teve a vontade de construir algo grandioso, nos mesmos moldes das coisas que vivenciou em Paris, Berlim, Viena e outras cidades em que esteve durante seu estágio como médico na Europa. Nessa época, Juscelino percebeu como o mundo era grande, e como muito mais poderia ser feito para que o Brasil pudesse avançar.
Mais tarde, nas suas próprias palavras: “O Brasil possui enormes espaços vazios que podem e devem ser integrados na atividade econômica nacional. Seria infantil acreditar que grupos financeiros privados tomassem a iniciativa de um pioneirismo altruísta, criando núcleos de irradiação civilizadora nas imensas áreas não aproveitadas da Amazônia ou dos grandes estados do Oeste”.
Juscelino provou que suas ideias eram viáveis quando começou a construir estradas, possibilitou a instalação de indústrias, melhorou a saúde com a erradicação de endemias e mostrou ao povo brasileiro que o complexo de vira-lata não era mais nada do que somente um estado de pensamento, e, assim sendo, poderia ser alterado. Brasília. Foi o que ele fez. Deu ao brasileiro mais de um motivo para acreditar que crescer era possível.
As linhas acima são somente uma pequena amostra do que JK significou para o país.
Mas, por que alguém se daria ao trabalho que reavivar as saudades de uma pessoa que tanto significou para uma nação? Simplesmente porque esta pessoa é Juscelino Kubitschek de Oliveira, que um dia fora meu chefe. Convivi durante muitos anos lado a lado com JK, trabalhei com ele e para ele coordenando em São Paulo sua campanha para as eleições de 1965.
Não preciso nem dizer que JK reunia uma força gravitacional. Todos que estavam com ele sentiam que tudo era possível, desde que acreditássemos fielmente.
Os anos que passei ao seu lado foram tempos que me encheram de alegria e esperança. A maior honra de minha vida foi ser um dos coordenadores de sua campanha para voltar à Presidência da República. As viagens de carro, de avião, as palestras, as madrugadas, tudo não foi em vão. Mesmo aqueles que tentaram lhe tirar a alegria de viver, quando do movimento de 1964, reconheceram que Juscelino mudou o Brasil. Para aqueles que ainda não conhecem, vale a pena visitar o Memorial JK, em Brasília.
Depois que JK nos deixou, em 1976, muito foi escrito sobre ele. Livros, artigos, filmes e minissérie. Cada uma dessas produções retrata um pouco da sua vida, das suas obras. Neste momento, estou preparando um livro em homenagem ao nosso querido e eterno presidente. Em cada pessoa que estou entrevistando, em cada material que estou lendo, busco os traços de sua personalidade. Em breve, darei a minha homenagem a Juscelino Kubitschek, um homem com a coragem da ambição.
* Mario Garnero é presidente do grupo Brasilinvest e lançará o livro 'JK - A coragem da ambição' em outubro próximo.
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