Passou a época de especular a respeito dos militares. Como pensam, o que sentem, quais suas preferências, para onde se inclinam e como votarão? Durante 21 anos era essa uma das maiores preocupações nacionais, tanto dos que apoiavam o regime quanto de seus opositores. O país respirava conforme as reações do chamado “sistema”, temerosos uns, confiantes outros.
Felizmente, os militares saíram do palco. Justiça se faça, até colaborando para que o passado fosse esquecido. Também, os generais de hoje eram os aspirantes e jovens tenentes de ontem. Nada tiveram a ver com os desmandos de seus chefes. Mas houve tempo em que doutos sociólogos e agudos intelectuais passavam o tempo perscrutando a mente dos militares para saber o que aconteceria no dia seguinte.
Apenas por diletantismo, vale indagar como os militares observam e participam do processo sucessório. Isso, se admitirmos o estamento castrense como um bloco monolítico, o que não é.
A oficialidade da Marinha, Exército e Aeronáutica está, por lei, obrigada a votar. Mesmo desvinculada do passado, optará pela candidatura de Dilma Rousseff, guerrilheira, processada, punida e torturada por seus antecessores, acusada de pegar em armas contra o regime? Ou irá preferir José Serra, um dos oradores do célebre comício do dia 13 de março de 1964, então presidente da União Nacional dos Estudantes, obrigado a exilar-se no Chile para evitar que acontecesse com ele o que aconteceu com a adversária de hoje?
Existirão opções? Aos militares será dado votar na candidata que pretende manter a Amazônia como um imenso jardim botânico? Afinal, sustentam opinião oposta à de Marina Silva, defendem o desenvolvimento industrial da região e a preservação de nossa soberania diante das tentativas de internacionalização e transformação de tribos em nações indígenas independentes.
Sobra Plínio de Arruda Sampaio, mas como optarão por outro foragido da “gloriosa”, comunista declarado, ainda mais católico apostólico romano praticante, duas características que faziam ferver o sangue de muitos generais, há quarenta anos?
Inexistem máquinas de votar exclusivas para militares, mas, se elas funcionassem, seria no mínimo curioso saber os resultados.
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