O abismo entre EUA e Brasil no marketing esportivo
No último final de semana, a cidade de Ibiúna, no interior de São Paulo, recebeu a etapa seletiva do Campeonato Brasileiro de Beisebol Universitário. Em sua segunda edição, o torneio é um dos poucos ligados à modalidade, quase sempre disputada pela colônia japonesa aqui no Brasil.
O detalhe dessa vez ficou por conta do patrocínio que o torneio conseguiu atrair. A edição de 2010 da competição terá o apoio da Major Legaue Baseball, a liga de beisebol dos Estados Unidos e organizadora da mais importante competição da modalidade no mundo.
O apoio da MLB ao beisebol brasileiro revela um pouco mais do abismo que existe quando se trata de marketing esportivo nos mercados dos EUA e do Brasil. Enquanto ainda engatinhamos nos conceitos relativos à promoção do esporte, os americanos cruzam fronteiras e colocam o seu estilo agressivo de atuar em todos os cantos do mundo.
O esporte tem de entender que ele está inserido na indústria do entretenimento e, como tal, precisa atrair o maior número de consumidores para si. O futebol do final de semana concorre com as outras modalidades esportivas, com a família, com o restaurante, com o cinema, o shopping, o teatro, etc. A disputa não é entre os dois times que ali estão. Pelo contrário. Eles são "sócios" desse produto.
É assim em todos os esportes. E é assim que o americano enxerga o seu campo de atuação. Ao apoiar o beisebol no Brasil, a MLB consegue atrair um grupo de pessoas para o seu esporte. Esse atleta em potencial no Brasil pode preferir o beisebol ao futebol, à praia, ao parque, ao cinema, ao computador, etc. E, se isso acontecer, ele muito provavelmente terá a MLB como referência para consumir o esporte.
Há anos que o futebol brasileiro confunde internacionalização de marca com conquistas em território estrangeiro. Ser campeão do mundo é, para muitos, sinônimo de ser um time reconhecido internacionalmente. Para que isso aconteça, não basta disputar uma competição durante duas semanas. É preciso promover a sua marca no exterior.
É o conceito que a MLB implanta agora no Brasil, e que o basquete e o futebol americano já fizeram há décadas. O Brasil tem muito o que aprender com o estilo americano de promoção do esporte. Do contrário, continuaremos a aceitar que a liga de beisebol dos EUA venha desenvolver a modalidade no país. Por que não fazermos o movimento contrário em relação ao futebo, por exemplo?
O abismo ainda é muito grande entre Brasil e EUA.
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